Jogos de Inverno

Biden anuncia que está 'considerando' boicotar Jogos de Inverno de Pequim

A China protestou vigorosamente quando essa medida foi defendida em maio

Joe Biden, presidente dos Estados Unidos - MANDEL NGAN / AFP

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden,  disse nesta quinta-feira que está "considerando" um boicote diplomático às Olimpíadas de Inverno em Pequim

Isso é "algo que estamos considerando", declarou Biden à imprensa durante uma reunião com o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau

Os Jogos de Inverno na capital da China serão realizados em fevereiro do próximo ano.

Vários legisladores republicanos pedem que Joe Biden anuncie um boicote total, para denunciar a repressão aos muçulmanos uigures na região chinesa de Xinjiang, China, descrita como "genocídio" pelo governo dos Estados Unidos. 
 

Muitos legisladores americanos, tanto democratas como republicanos, incluindo a presidente da Câmara, a democrata Nancy Pelosi, e o senador republicano Mitt Romney, defendem esse boicote diplomático. 

"Tenho esperança de que o governo envie uma mensagem forte ao Partido Comunista da China sem punir os atletas americanos", declarou  Romney na terça-feira. 

A China protestou vigorosamente quando Nancy Pelosi defendeu essa medida em maio. 

A decisão de boicotar os Jogos pode levar a um novo aumento nas tensões diplomáticas entre as duas superpotências, poucos dias após a cúpula virtual entre Biden e o presidente chinês, Xi Jinping, que supostamente estabeleceria "salvaguardas" para evitar que suas muitas diferenças degenerem em conflito. 

Há meses, o governo dos Estados Unidos busca a melhor maneira de se posicionar contra os próximos Jogos de Inverno, organizados por um país que acusa de perpetrar um "genocídio" contra muçulmanos uigures. 

Várias organizações de direitos humanos acusam Pequim de ter internado pelo menos um milhão de muçulmanos em Xinjiang em "campos de reeducação". 

As autoridades chinesas denunciam sistematicamente a "interferência" de ocidentais que condenam esta situação, afirmando que são "centros de formação profissional" para apoiar o emprego e combater o extremismo religioso. 

O jornal Washington Post informou na terça-feira, citando fontes próximas ao assunto, que a Casa Branca deve anunciar em breve essa decisão. 

O jornal afirma que o presidente Biden deve "aprovar" essa opção no final de novembro, que lhe foi formalmente recomendada por seus assessores.

Iniciativas legislativas contra os Jogos de Pequim
Nos últimos meses, resoluções e projetos de lei se multiplicaram no Congresso dos Estados Unidos, alguns visando punir as empresas que concordam em patrocinar as Olimpíadas de Inverno, outros pedindo ao Comitê Olímpico Internacional a transferência da competição para outro país. 

"Os Estados Unidos devem instituir um boicote total e completo aos Jogos de Inverno. A ameaça aos nossos atletas e os crimes contra a humanidade cometidos pela China não nos deixam escolha", disse o senador Tom Cotton, da ala radical do Partido Republicano, na quinta-feira. 

Por sua vez, o Comitê Olímpico dos Estados Unidos se opõe a uma solução tão radical e explica que os Jogos são importantes depois de meses de pandemia. 

A entidade lembrou que o boicote aos Jogos de Moscou em 1980 pelos Estados Unidos e cerca de sessenta outros países, e de Los Angeles em 1984, pela União Soviética e seus aliados, havia mostrado que usar esses eventos como uma "ferramenta política" era um "erro ".