NovaBio afirma que não há necessidade de importação de etanol anidro no Brasil
A homologação de uma tarifa de 18% pode intensificar o desemprego no País e nunca resultou em redução de preços nas bombas
Um ofício e uma nota técnica foram enviados ao Ministério da Economia pedindo que o etanol anidro importado chegue ao país livre de taxas. Os documentos contam com o apoio de empresas como Ipiranga e Vibra Energia (antiga BR Distribuidora) e de entidades como a Federação Nacional das Distribuidoras de Combustíveis, Gás Natural e Bicombustíveis (Brasilcom) e a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom).
Os importadores de combustíveis alegam que a isenção é uma forma de reduzir o preço da gasolina. Porém, de acordo com a Associação de Produtores de Açúcar, Etanol e Bioenergia – NovaBio, a importação de anidro não é necessária no Brasil, visto que o mercado nacional está bem abastecido e que a isenção da tarifa de 18% pode intensificar o desemprego no País. Historicamente, a isenção nunca resultou em redução de preços nas bombas.
“Pelo menos até maio do próximo ano, o Brasil não tem necessidade de realizar importação de anidro. Em maio começam mais produções dentro do País em outros estados como a Bahia, estados do Norte e também os estados do Centro-Oeste que sempre tem uma relação de abastecimento muito próxima com os estados do Nordeste que estarão na entressafra. Portanto, o nível de mistura de 27% do etanol anidro na gasolina estão garantidos”, explicou o presidente da NovaBio, Renato Cunha.
“Atualmente, nessa Safra 2021/2022, o Centro-Sul do País já produziu 17% a mais de anidro do que produziu no ano passado e o Norte/Nordeste produziu 10% a mais, portanto, não é razoável para a manutenção dos nossos empregos, que são cerca de 1 milhão de pessoas empregadas direta e indiretamente, abrir para o etanol importado vir para cá sem pagar a tarifa de importação. Não há necessidade de importar etanol e relações internacionais de comércio não devem ser feitas sem haver reciprocidade”, acrescentou o presidente.
De acordo com o dirigente, a lógica de abastecimento é conduzida pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e pelo Ministério de Minas e Energia (MME). “O sistema é muito bem estruturado, e assim, não há necessidade de fornecedores externos forçarem o nosso planejamento interno”, disse Renato Cunha.
O presidente da NovaBio, que reúne 35 usinas e destilarias de etanol em 11 estados brasileiros, argumenta ainda que além de não impactar no preço da gasolina, a desoneração em relação ao produto importado causará renúncia fiscal e muito desemprego na indústria canavieira, especialmente no Norte e Nordeste, em pleno período de moagem.
Diálogo no setor
Nesta segunda-feira (22), a NovaBio e representantes do Fórum Nacional Sucroenergético se reúnem com a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, para dialogar sobre o assunto.