ENEM 2021

Enem tem questão sobre música 'Admirável Gado Novo' e gera repercussão nas redes sociais

Sucesso de Zé Ramalho foi assunto na prova de Ciências Humanas

Enem tem questão sobre música 'Admirável Gado Novo' e gera repercussão nas redes sociais - Reprodução

A prova do Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) traz dores de cabeça para os candidatos todos os anos. Mas também há quem se divirta com os conteúdos da prova. O primeiro dia do exame, realizado neste domingo (21), ficou mais uma vez entre os assuntos mais comentados pelos internautas - até os que não fizeram a prova. Uma das questões que mais causou repercussão menciona trecho de "Admirável Gado Novo", música de Zé Ramalho.

"Vocês que fazem parte dessa massa / Que passa dos projetos do futuro / É duro tanto ter que caminhar / E dar muito mais do que receber / Êh, oô, vida de gado / Povo marcado êh / Povo feliz". O trecho da melodia foi abordado em uma questão da prova de Ciências Humanas acompanhado da pergunta "Qual comportamento coletivo é criticado no trecho da letra da canção lançada em 1979?".

As alternativas eram: militância política; passividade social; altruísmo religioso; autocontrole moral e inconformismo eleitoral. 

Não demorou para que os internautas associassem a canção aos apoiadores do presidente da República, Jair Bolsonaro. A oposição apelidou os seguidores fiéis de Bolsonaro de "gado". Alguns usuários de redes sociais como o Twitter resgataram a fala do chefe do Executivo sobre a prova começar a "ter a cara do governo". 
 

 



 

 



 

 



 

 




 

 

Ao G1, o cantor Zé Ramalho afirmou ter se sentido recompensado por ter sua música citada na prova. "É uma prova de que essa letra contém situações sociais e políticas atualizadas, acho que para sempre. Desde que o conceito de 'atualizada' refere-se à situação também 'para sempre' do povo brasileiro", comentou.

O alívio cômico vem em um momento de tensão: no início de novembro, 37 servidores do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) pediram exoneração dos cargos que ocupavam. O órgão é responsável pelo Enem. 

No pedido de dispensa encaminhado à diretoria do Inep, os funcionários justificaram a saída por "fragilidade técnica e administrativa da atual gestão máxima" do órgão. Além disso, mencionaram a ocorrência de episódios de assédio moral.

O ministro da Educação, Milton Ribeiro, atribuiu a debandada ao pagamento de gratificações. "Então, quando a gente vê toda essa discussão às vésperas do Enem, nada com educação, nada com as provas, tudo a ver com a questão administrativa, de pagamento ou não de gratificação", disse.

Professores e personalidades ligadas à educação afirmaram que a prova deste ano teve um nível mais elevado que nos anos anteriores. A deputada Tabata Amaral, por exemplo, declarou que "já é o Enem mais elitista da história". Essa alteração dificulta o acesso dos pobres à universidade.