Linha de frente

Referência no Recife, Real Hospital Português é um 'gigante' no combate à Covid-19

Em quase dois anos, rede atendeu mais de 47 mil pessoas com sintomas gripais. Segmentação do público foi uma das medidas adotadas durante a crise sanitária.

Complexo hospital do Real Português na Ilha do Leite - Divulgação

Um dos principais complexos hospitalares da Capital pernambucana, com unidades no Paissandu e em Boa Viagem, o Real Hospital Português (RHP) é uma peça-chave na linha de frente contra a pandemia no Estado.

Desde o começo da crise sanitária, passaram pela emergência da rede mais de 47 mil pessoas com sintomas gripais. Dos quadros que evoluíram às fases mais agudas e apresentaram resultado positivo para a Covid-19, foram internados cerca de 7 mil pacientes, sendo 15% desses com Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG).

Os números superlativos dão uma ideia não só do papel crucial que o complexo exerceu ao longo desses quase dois anos como também do tamanho do desafio enfrentado pelo grupo em um momento delicado para todo o setor, que precisou conciliar o crescimento rápido da demanda com a necessidade de evitar novos contágios. Para isso, foi preciso fazer adaptações, tendo como um dos pilares a segmentação do público atendido.

“A primeira modificação foi na emergência”, conta o diretor técnico médico do hospital, Cristiano Hecksher. “Criamos uma específica para pacientes com sintomas gripais e suspeita de Covid. Da mesma forma, uma série de UTIs e apartamentos foi destinada, progressivamente, a só receber pacientes com Covid. Fizemos uma segmentação completa por edifícios, o que foi possível pela nossa configuração geográfica, garantindo a segurança dos demais atendimentos e cirurgias. Cabe ainda ressaltar a implantação do drive-thru para exames laboratoriais e de imagem para pacientes com suspeita de Covid, além da coleta domiciliar”.

Em outra frente, diante da chegada cada vez mais intensa de pacientes em estado grave, houve um reforço nas vagas para a terapia intensiva, com um acréscimo de 100 leitos de UTI, que passaram de 170 para 270.

Legado e futuro
Os investimentos feitos durante a pandemia vão além dos protocolos sanitários e da oferta de leitos. O diretor Cristiano Hecksher cita como legados a maior rigidez nas triagens e no acesso dos visitantes às unidades e a possibilidade de realizar procedimentos mais avançados.

“Houve uma consolidação do hospital como um dos maiores centros no Brasil na utilização do ECMO (oxigenação por membrana extracorpórea), chegando a utilizar onze ECMOs simultaneamente. Outro ponto é a diálise contínua, em que chegamos a ter dez máquinas ligadas ao mesmo tempo”, diz.

Após inaugurar uma nova emergência, a instituição planeja para o futuro um projeto de expansão da unidade na Zona Sul do Recife, e mais investimentos em educação e pesquisa, com a consolidação dos centros de Pesquisa Clínica e Simulação Realística, além da implantação de novos cursos na Escola de Saúde do Real Hospital Português, que formou recentemente a primeira turma de técnicos em enfermagem. As unidades do RHP ficam na avenida Agamenon Magalhães, 4.760, Paissandu, e na avenida Conselheiro Aguiar, 2502, Boa Viagem.