PSDB: Eduardo Leite sobe o tom contra Doria
O governador e seus aliados acusam, sem apresentar provas, Dória de compra de votos
No dia seguinte à suspensão das prévias do PSDB por problemas técnicos no aplicativo que computa os votos, um dos candidatos, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, elevou o tom nesta segunda-feira nas críticas à campanha do seu adversário, o governador de São Paulo, João Doria.
— Do outro lado, nós vemos compra de votos, denúncias de pressões indevidas, suspensão de filiações, demissão de pessoas que não apoiam esse tipo de conduta — disse Leite ao chegar à sede nacional do partido, em Brasília.
Durante a eleição, ontem, a deputada federal Mara Rocha, bolsonarista e que apoia o governador gaúcho no pleito, lançou a mesma acusação e disse que pessoas ligadas à campanha de Doria tentaram comprar o voto dela. Embora tenha afirmado que tinha mensagens com a oferta, a parlamentar não apresentou nenhuma prova do que disse.
Leite é o único dos três candidatos — além de Doria, está na disputa o ex-senador Arthur Virgílio — que compareceu à reunião que vai definir quando e como as prévias serão retomadas. O paulista e o manauara mandaram representantes ao encontro e voltaram aos seus respectivos estados. Leite também enviou um aliado, mas decidiu acompanhar o caso pessoalmente.
No começo da tarde, representantes da Fundação de Apoio da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, a desenvolvedora do aplicativo, e da Bidweb, uma consultoria de segurança digital, fizeram o diagnóstico dos problemas técnicos. E discorreram sobre a viabilidade de reativar o processo eleitoral.
Os candidatos apresentaram uma proposta de fatiar a eleição. Na terça-feira, votariam os cerca de 300 deputados federais, estaduais, prefeitos e vices que não conseguiram fazê-lo pelo aplicativo. Na quarta-feira, votariam as centenas de vereadores. E no fim de semana, os milhares de filiados.
A ideia, no entanto, esbarrou em empecilhos técnicos. Os representantes das empresas teriam dito que deixar o aplicativo ativo por muitos dias facilitaria ataques hackers.
Segundo o senador Zé Aníbal, que foi a primeiro a sair da reunião, por volta das 16 horas, não se chegou a um consenso ainda sobre como as prévias serão retomadas.
Enquanto persiste o impasse, os candidatos aumentam os ataques entre si. Neste domingo, Doria e Virgílio acusaram Leite de querer "melar" as eleições e de estar associado à "maçã podre" do partido. - Ela tem nome e sobrenome: Aécio Neves - atacou Virgílio. Doria complementou dizendo que o partido precisa passar por um "processo de depuração".