Combustível

Presidente da Petrobras diz que nem todos os reajustes de combustível têm a ver com a estatal

Segundo Joaquim Silva, a empresa fez 15 reajustes em 2021, mas foram contabilizados 38 reflexos ao consumidor

Joaquim Silva e Luna, presidente da Petrobras - Evaristo Sa/AFP

O presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, negou nesta terça-feira (23) que a estatal seja culpada pelo aumento da gasolina. Segundo ele, a empresa fez 15 reajustes em 2021, mas foram contabilizados 38 reflexos ao consumidor. Ele destacou que a Petrobras pratica preço de mercado

"Nem todos reajustes que aparecem na bomba de combustíveis  têm a ver com a Petrobras", afirmou Silva e Lulla, em audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado (CAE). A alta de preços dos combustíveis não corresponde à Petrobras e está sendo colocada na conta dela.

O presidente da Petrobras apresentou uma tabela mostrando que, na formação dos preços, a Petrobras ficou com uma parcela de R$ 0,99 por litro de gasolina, mas na bomba o valor chegou a  R$ 2,24 a mais aos consumidores. Os dados da Agência Nacional de Petróleo (ANP), segundo ele, consideraram apenas reajustes superiores a um centavo.
 

De acordo com a ANP, o valor médio do litro da gasolina  no país passou de R$ 6,753 para R$ 6,752, nas últimas duas semanas. No ano, o avanço do preço médio chega a 50%.

Em sua fala, Silva e Luna buscou defender a Petrobras, que vem sendo criticada pelas altas consecutivas nos combustíveis. Ele afirmou que a estatal responde por apenas uma fração dos preços, lembrando também que as empresas importadoras Vibra, Ipiranga, Raízen e a Atem tem participação no mercado e na formação de preço.

Ainda segundo o presidente da estatal, a gasolina produzida pela empresa representa 40% do consumo dos veículos leves. Ele criticou a proposta de criação de imposto sobre exportação de petróleo cru.

"Eventual taxa para a exportação de óleo bruto pode trazer  insegurança jurídica e desestimular investimentos no Brasil . Investimentos novos e aqueles que já estão sendo feitos atualmente", afirmou o general, que ganhou também o apoio do líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE).

"Todo movimento de interferir em mercado livre competitivo termina trazendo distorções. Isso não foi neutro no passado", afirmou Bezerra, em fala contra a proposta.

Na audiência, o presidente da Petrobras disse que a estatal ficou sem reajustar o GLP, o gás de cozinha, por 92 dias, 85 dias sem alterar o preço do diesel e 56 o da gasolina. A declaração gerou reação do senador Omar Aziz (PSD-AM).

"O salário do trabalhador brasileiro não é alterado em 90 dias,  como é alterado o preço dos combustíveis hoje, quase que diariamente. É porque se fala como uma ênfase, como se fosse algo  sobrenatural.  Noventa dias é uma brincadeira, como se tivesse fazendo um grande favor aos brasileiros", disse Aziz.

Para o período entre os dias 14 e 20 de novembro, o preço médio do diesel se manteve estável, em R$ 5,356 por litro.  No ano, o aumento chega a 48,5%.

No GLP, o gás de botijão também teve um leve recuo, passando  de R$ 102,52 para R$ 102,27.  Desde janeiro, a alta é de 37,1%. Na audiência, Luna e Silva defendeu que a estatal não é um monopólio.

"A  Petrobras tem que atuar como empresa privada, tem que praticar preço de mercado. A aplicação artificial de políticas públicas só pode ocorrer mediante prévio contrato com acionista controlador… No caso de acontecer, a Petrobras tem que ser ressarcida – explicou o presidente, lembrando que isso ocorreu no governo de Michel Temer".

O presidente da Petrobras disse também aos senadores que o “Brasil é grande demais para ficar dependendo de uma só empresa”.

O  secretário-executivo do Ministério da Economia, Marcelo Guaranys, defendeu a abertura de mercado para “que mais empresas tenham capacidade de tirar petróleo do solo do país, distribuir e refinar” o produto.  Ele afirmou que o aumento dos combustíveis é um fenômeno mundial.

"Temos refinarias, temos capacidade, mas precisamos de mais. Nós não somos autossuficientes em refino. Precisamos aumentar essa capacidade,  hoje uma empresa só fica muito difícil", disse Guaranys, destacando que a intenção da Petrobras e do  Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) é  abrir mão do refino.