Por temor de nova onda de Covid-19 no ano que vem, mais de 70 cidades de SP cancelam carnaval
Por temor de uma nova onda de casos de coronavírus no início do ano que vem, 71 municípios do interior de São Paulo decidiram cancelar o Carnaval de rua em 2022.
Pelo segundo ano consecutivo, não haverá folia em São Luiz do Paraitinga, famosa pelo desfile de blocos que costumam reunir milhares de turistas, e cidades médias, como Botucatu, Sorocaba, Mogi das Cruzes e Suzano.
De forma geral, o estado já tem mais de 90% da população com o esquema vacinal completo. Seguindo o governo, o número de mortes relacionadas à Covid-19 caiu 93% entre abril e novembro. Já as internações são 10 vezes menores, o que levou o estado a anunciar, nesta quarta-feira (24), a desobrigação de máscaras em locais abertos e eventos pequenos a partir de 11 de dezembro.
A média diária de casos, porém, é de 1.400, 33% maior do que 14 dias atrás. Gestores municipais estão adotando cautela com a organização da festa. Ao comunicar o cancelamento do carnaval, a prefeitura de São Luís do Paraitinga informou que "o atual momento ainda requer atenção, cautela e responsabilidade de nossa parte, pois ainda não oferece a devida segurança, não sendo propício para um evento de tamanha magnitude".
A prefeitura de Jundiaí também cancelou qualquer tipo de festa. Outros municípios adotaram sanções econômicas a blocos ou escolas de samba. Em Sorocaba, por exemplo, a prefeitura comunicou às escolas de samba que não vai disponibilizar recursos públicos para o evento.
Na capital paulista, o cronograma está mantido por enquanto. Até o fim de semana, 867 blocos de rua haviam se inscrito para o Carnaval de 2022. Segundo a prefeitura, ainda será necessário analisar a situação da pandemia. Por ora, a festa deve ocorrer entre 19 de fevereiro e 6 de março. A gestão municipal estima que a folia pode atrair 15 milhões de pessoas.
Segundo Alexandre Naime Barbosa, chefe do departamento de Infectologia da Unesp, um evento como Carnaval deveria ocorrer em uma situação com baixos níveis de transmissão, internações e óbitos. Segundo ele, isso só pode ser avaliado semanas antes do início da folia.
— Se continuarmos nessa tendência que existe de redução da taxa de transmissão, hospitais esvaziados, média móvel de mortes cada vez menor, tudo caminha para ser uma realidade (a realização da festa), mas isso só pode ser determinado cerca de duas ou três semanas antes da data — afirma ele.
Barbosa lembra que as festas de fim de ano podem significar um período de alta nas taxas de transmissão.
— Qualquer tomada de decisão definitiva agora é um tiro no escuro. Uma medida mais pé no chão seria planejar o Carnaval com possibilidade de, se a situação epidemiológica tiver ruim, cancelar.