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Ataque hacker a aplicativo das prévias do PSDB é 'plausível', diz fundação que fez ferramenta

Fundação desenvolveu sistema de votação que sofreu pane por mais de 10 horas em eleição para escolher candidato tucano à presidência

Central de atendimento do PSDB - reprodução/Instagram

Responsável pelo aplicativo das prévias, a Fundação de Apoio da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (FAURGS) informou nesta quarta-feira que considera plausível a ocorrência de um ataque de hackers ao software do PSDB, cuja votação acabou suspensa no domingo após uma pane de mais de 10 horas.

No fim do dia, ex-presidentes do partido começaram a articular um pedido para que a PF abra uma investigação sobre a possibilidade de ataque hacker ao aplicativo.

A eleição envolve a disputa pela indicação do partido à Presidência pelo partido em 2022. Os governadores João Doria e Eduardo Leite são apontados como favoritos, enquanto o ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio faz campanha discreta e suas chances são consideradas remotas.

A falha levou o PSDB a adotar um plano B e C para a eleição, e a sigla faz testes com outras empresas para concluir a eleição interna. A ideia é finalizar a votação até o final dessa semana.

"A Faurgs esclarece que, nas condições normais contratadas, o software desenvolvido funcionou perfeitamente. A plataforma utilizada tem capacidade para muito mais acessos do que o tamanho do colégio eleitoral. A instabilidade, portanto, se deu por condições externas ao aplicativo", diz a fundação por meio de nota.

"A apuração da Faurgs apontou como causa mais provável um congestionamento de acessos incompatível com o número de eleitores cadastrados. Portanto, a Faurgs considera muito plausível a ocorrência de um ataque de hackers ao aplicativo, a partir das 8h15 — uma vez que desde às 7h o sistema funcionou perfeitamente, com cerca de dois mil votos computados", continua a nota.

O PSDB informou que cresce o alerta de que pode ter sido vítima de um ataque de hacker e enfatiza que a fundação precisa esclarecer o episódio.

"Independente de providências a serem tomadas pelo partido, cabe especialmente à Fundação, como provedora da solução contratada (aplicativo, sistema de votação, infraestrutura e operação), realizar as devidas diligências para esclarecer o ocorrido".

O sistema da Faurgs já motivou outras polêmicas nas prévias. O fato de o software ter sido gestado em solo gaúcho inclusive já havia gerado atritos entre os grupos de Doria e Leite, que protagonizam um embate nas primárias.

Tucanos afirmam que embora os desenvolvedores do aplicativo do partido sejam gaúchos, como Leite, aqueles que testavam sua eficácia e tentam encontrar falhas estão em São Paulo, como a empresa Kryptos, ligada ao grupo paulista. Além disso, o uso do aplicativo ocorreu após a concordância de todos os candidatos, ainda que o partido tenha sido alertado sobre fragilidades.