Filhos de Cléber Santana seguem passos do pai e sonham com homenagem
Clebinho, mais velho, assinou com a Sapucaiense, clube da terceira divisão gaúcha, enquanto Aroldo está na base do Retrô
Seguir a carreira profissional dos pais é algo comum. Tendência que é construída ao ver alguém que ama fazendo o que gosta. Uma paixão que pode superar até mesmo um trauma. Clebinho, de 19 anos, e Aroldo, 16, estão iniciando a carreira no futebol. Algo que, para muitos, poderia ser a última escolha para dois jovens que, há cinco anos, tiveram a dor de perder o pai, também jogador, em um acidente aéreo. Os irmãos são filhos de Cléber Santana, ex-meia da Chapecoense, falecido na queda de avião ocorrida em 2016, na Colômbia, que transportava a delegação da Chapecoense para a primeira partida da final da Copa Sul-Americana, contra o Atlético Nacional/COL.
Clebinho, mais velho, assinou contrato profissional com o Sapucaiense, clube da terceira divisão gaúcha. Na equipe, o atacante escolheu a numeração 88 na camisa - a mesma que Cléber costuma usar.
"Quando o pai morreu, Clebinho não queria mais jogar futebol. Também nunca o forcei a isso. Depois, quando Aroldo começou a se interessar mais, ele mudou de ideia. Diferente do mais novo, ele não passou por uma base de clube. Ficou um tempo treinando no CT do Barão, no Recife, mas depois parou. Agora ele está no Sapucaiense. ‘Ganhou’ mais corpo, porque era bem magrinho, e está prestes a jogar no profissional", contou a mãe, Rosângela Loureiro.
A estreia do filho de Cléber, diga-se, já poderia ter acontecido, em um jogo da Sapucaiense contra o União Harmonia, na última rodada da primeira fase da Copa FGF. O garoto, curiosamente, preferiu ficar fora. "Ele me disse: 'mãe, esse jogo é só para cumprir tabela (equipe não tinha chance de classificação à próxima fase). Eu quero marcar um gol e homenagear meu pai, mas vai que isso acontece nesta partida? Eu quero fazer um gol em um jogo valendo algo'. Ele tem esse desejo de ter um momento especial para honrar Cleber", afirmou.
O filho mais novo de Cléber, Aroldo, joga na equipe sub-17 do Retrô. Diferente do irmão, o jovem atua como volante. “Agradeço muito o que o clube tem feito por ele. Viram potencial no Clebinho e o levaram para lá. Ele é um menino centrado, que sabe o que quer”, citou Rosângela. Observações que vão além de “elogios de mãe”.
"Aroldo é tímido, tranquilo, que sempre chega no horário, cumprindo as regras. Nunca nos deu problema. Pelo contrário, ele é muito comportado. Não é aquele menino que ‘se sente’ por ser filho de um ex-jogador famoso. Aqui, tratamos todo mundo de forma igual e ele sabe disso. É um garoto com um perfil técnico interessante também", disse o dirigente do clube, Gustavo Jordão.
Orgulhos da mãe e elogiados por dirigentes, os jovens também tem uma fã que enxerga na dupla a continuidade de uma paixão. "O pai sempre levava os dois nos treinos e agora eles são jogadores, como Cléber queria. Essa é a maior homenagem que eles poderiam fazer", disse Marinalva Santana, avó dos meninos e mãe de Cléber Santana.