Ney Matogrosso bota seu "Bloco na Rua" e no palco do Classic Hall neste sábado (27)
Show, que deveria ter acontecido em 2020, foi adiado por causa da pandemia
Cá pra nós, alguém em sã consciência vai se importar com as marcações de palco que Ney Matogrosso esqueceu para o show “Bloco na Rua”? E que (finalmente) chega ao Recife amanhã no Classic Hall, após ter sido adiado em decorrência da pandemia. Pois ele esqueceu.
“Esqueci de tudo, mas como não sou dirigido por ninguém, sou eu que invento, fiquei solto e comecei a inventar coisas”, confessou, em coletiva realizada para falar sobre a apresentação, uma das mais aguardadas entre os retornos artísticos pós isolamentos, temores e afins.
“Foi um período que me estimulou a fazer um disco de estúdio, que há muitos anos não fazia. Foi a maneira que encontrei para sair daquela baixa que a gente vivia, aquela escuridão. Quando comecei a fazer o disco, minha liberdade voltou”, contou, em menção ao seu “Nu com Minha Música” (Sony Music), lançado em outubro com repertório tomado por faixas que escancaram o viço musical de um dos octogenários mais juvenis da Música Popular Brasileira.
“O prazer é o mesmo de anos atrás. Posso te dizer que continuo aguentando fazer shows sem sofrimento, mas eu acabava cansado em 1973 também. Isso faz parte do que me propus fazer na vida”.
Repertório e Figurino
Para o show Ney esboça set list diverso, despretensioso e muito bem escolhido (por ele). Tríade que integra o que artisticamente mais lhe define: a liberdade. “Tudo que canto é pela letra. Para chegar a esse repertório, tinha feito outros dez. Tinha muitas outras coisas, mas cheguei nesse último roteiro”, explicou. “Bloco na Rua”, portanto, traz “Jardins da Babilônia”, “O Beco”, “Eu Quero é Botar Meu Bloco na Rua”, “Yolanda” e “A Maçã”, entre outras.
Essas últimas, aliás, entre as suas preferidas. “Tem várias que me emocionam e essas duas gosto muito de cantar. Aquela de Fagner, gosto muito também”, destaca, em referência à “Postal do Amor”, composta pelo artista cearense em parceria com Fausto Nilo.
E como é de praxe, os olhares do público para Ney Matogrosso se voltam também para os figurinos utilizados por ele no palco e que, não à toa, são extensões das performances corporais que lhe são características. Para “Bloco na Rua” ele pisa no palco com corpo e rosto encobertos em vestes feitas sob medida pelo estilista Lino Villaventura. O olho no olho com a plateia virá após sua entrada.
“As pessoas não percebem, mas ele é todo furadinho, e aquela cabeça que eu entro enxergo através dela. Parece uma pele de peixe, tem elasticidade”, contou. Com agenda fechada até julho de 2022, inclusive em palcos fora do País, Ney não dá sinais de que pretende parar.
No decorrer dos cinco anos que passou na estrada com “Atento aos Sinais”, até cogitou um “tá na hora de parar”, “Mas havia uma demanda grande pelo show, não dava para parar”. Lógica que pode valer para a temporada atual. “Não estabeleço o momento de acabar, mas se chegar em cinco anos vou estar muito velho”.
Longevidade
Cá pra nós, alguém em sã consciência diria que Ney de Souza Pereira tem 80 anos de idade? “Minha mãe está com 99 anos, lúcida. O avô dela, conheci ele tinha 105. Tem uma coisa genética e sempre me cuidei. Eu era louco, não dormia nem comia direito, vivia na praia, e decidi que estava tudo errado. Eu não podia mais beber coca-cola no lugar da água, parei de fumar cigarro.
Além disso, faço ginástica e como pouco. Comer pouco aumenta a longevidade. Sabe o que como antes de dormir? Descasco uma maçã, pico, boto em um copo de iogurte natural e complemento com uma colher de geleia de morango feita em minha casa. Não tem peso”, finalizou.
Serviço
Ney Matogrosso – Bloco na Rua
Sábado (27), no Classic Hall, 22h
Ingressos a partir de R$ 1 mil (mesa), na bilheteria ou no site Bilhete Certo