Talibã

Talibãs do Afeganistão querem 'boas relações' com o resto do mundo

Mohammad Hasan Akhund falou em uma mensagem de áudio de quase meia hora transmitida pela televisão estatal RTA

Soldados do talibã - Wakil Kohsar/AFP

O Talibã do Afeganistão deseja ter "boas relações" com outros países e nunca interferirá em seus assuntos, disse seu primeiro-ministro em seu primeiro discurso à nação no sábado (27).

Mohammad Hasan Akhund falou em uma mensagem de áudio de quase meia hora transmitida pela televisão estatal RTA, dias antes de seu governo retomar as negociações com representantes dos Estados Unidos em Doha, no Catar.


O primeiro-ministro do Talibã ainda não apareceu em público desde que foi nomeado para o cargo em 7 de setembro, assim como o líder supremo do movimento, Mullah Hibatullah Akhundzada, que não foi visto desde que os islâmicos assumiram o controle do país em meados de agosto.

"Quero garantir a todos os países que nunca iremos interferir em seus assuntos internos" e que "queremos ter boas relações com eles", inclusive economicamente, afirmou Akhund, recentemente criticado nas redes sociais locais por seu prolongado silêncio enquanto o país luta contra uma grave crise econômica.

O Talibã voltou ao poder em meados de agosto, após a retirada militar ocidental e o colapso do governo afegão apoiado pelo Ocidente depois de 20 anos de guerra

Após seu retorno ao poder em agosto, Washington congelou os ativos do banco central afegão, e o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional suspenderam sua ajuda a Cabul.

A economia afegã - uma das mais pobres do mundo, minada por 40 anos de guerra, secas recentes e agora sem ajuda internacional - está em queda livre, e o país está à beira de uma catástrofe humanitária, segundo a ONU.

Em Doha, espera-se que os talibãs peçam o levantamento das sanções e a retomada da ajuda internacional para evitar uma fome no inverno neste país de cerca de 40 milhões de habitantes.