Política

Prévias do PSDB: na semana seguinte da suspeita de hacker, aplicativo recebe mais de 26 mil acessos

Suspeita de invasão foi levantada domingo, quando pane paralisou votação. Votação terminou às 17h e resultado deve ser anunciado no fim da tarde

Candidatos do PSDB para representar o partido em 22 no pleito à Presidência - Reprodução Instagram

Depois de suspeitas de que um ataque hacker causou a pane que paralisou a votação das prévias no domingo passado, o PSDB informou neste sábado que houve 26 mil tentativas de acesso ao aplicativo de votação vindas do exterior. O fato levanta suspeitas porque o partido só tinha dois filiados inscritos para votar fora do país. Todos os ataques foram bloqueados, segundo a sigla. A votação foi encerrada às 17h, com o registro de 25.854 votos. Cerca de 4 mil pessoas já haviam votado no domingo passado.

As tentativas de ataques, segundo a direção do PSDB, não foram concretizadas porque o sistema conseguiu barrar as invasões. Por precaução, a sigla fechou a possibiilidade de filiados votarem do exterior. Só havia duas pessoas nessas condições, entre elas o vice-presidente do PSDB Eduardo Jorge, que acabaram não votando.

Durante a manhã, outra polêmica movimentou o partido. A campanha do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, acionou o jurídico do PSDB após o presidente do diretório de São Paulo, Marco Vinholi, publicar um vídeo em que diz quantos votos Doria tem até agora. Como o resultado só deve ser divulgado no fim da tarde, a campanha do gaúcho quer saber se ele teve acesso aos dados ou se era só um palpite. Vinholi alega que fez uma estimativa com base em pesquisas.

Segundo o presidente do PSDB, Bruno Araújo, a apuração está confirmada para começar às 17h. A previsão é que o anúncio do vencedor saia por volta das 19h30. Ao todo, 40.100 pessoas devem votar neste sábado. Para ele, as tentativas de invasão levantam suspeitas de que estão tentando prejudicar a votação.

— Essas tentativas levantam, claro, a suspeita de que estão tentando prejudicar a votação. Mas felizmente estamos com um verdadeiro exército de técnicos e proteções para blindar o sistema — disse Araújo.

No domingo passado, os eleitores do partido usaram uma ferramenta desenvolvida pela Fundação de Apoio da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Faurgs). O aplicativo funcionou por uma hora e depois entrou em pane. Na quarta-feira, a Faurgs informou que suspeitava de um ataque hacker. O partido solicitou apuração da Polícia Federal.

A apuração será realizada na sede do PSDB em Brasília, onde foi montada uma estrutura de técnicos e "hackers do bem" para a detecção de eventuais ataques e problemas na votação. A divulgação do resultado das prévias será feita em uma cerimônia realizada no final do dia, em um hotel da capital.

A campanha de Leite decidiu acionar o jurídico do PSDB após um vídeo em que o presidente do Diretório de São Paulo, Marco Vinholi, diz que após uma hora e meia de votação Doria já contabilizava cinco mil votos.

— Quero aqui parabenizar vocês. São nove e meia da manhã e já conseguimos emplacar mais de cinco mil votos pra João Dooria, dando um grande show de mobilização de todos nós (...) Vamos juntos, até a vitória — disse Vinholi, no vídeo.

A afirmação de Vinholi levou a questionamentos da equipe de Leite sobre se o sigilo das urnas virtuais eventualmente foi quebrado e quer que o vídeo seja retirado do ar e que Vinholi faça um "desmentido" sobre o episódio. No partido, porém, a questão foi tratada nos bastidores como "retórica de campanha" e não houve nenhum posicionamento a respeito até o momento.

O diretório do PSDB-SP respondeu que a campanha de Leite deveria ir atrás de voto e não ficar mais uma vez tentando criar factoide. Em um vídeo, Araújo afirmou que não há divulgação de parciais de votação e que o resultado só será divulgado após as 17h.

— Estamos divulgando quantos filiados votaram, mas os votos estao protegidos. Quantos votos cada candidato tem só saberemos depois das 17h — afirmou Araújo. 

Ao chegar a Brasília, na tarde deste sábado, Leite elogiou o processo de escolha dos candidatos adotado pelo partido e minimizou o acirramento da campanha nos últimos dias, quando os adversários passaram a trocar críticas publicamente.

— É verdade que a gente teve debates e discussões mais tensas, mais acirradas, mas porque só nós tivemos debates, só nós debatemos internamente e publicamente para definir uma candidatura. Em outros partidos existem aqueles que mandam, né? A gente vê o Lula há 40 anos mandando no PT, não é possível que em 40 anos não tenha surgido nada de novo que possa se apresentar ao Partido dos Trabalhadores — afirmou Leite.

As declarações do governador foram feitas na sede do PSDB em Brasília, onde ficou pouco mais de 20 minutos. Em seguida, rumou ao hotel onde será feito o evento de divulgação dos resultados.

— O mais importante de tudo é que o PSDB vai escolher o seu candidato a partir de prévias, democráticas e que pela tecnologia, por mais que ela tenha dado as suas encrencas iniciais, possibilitam que os filiados dos lugares mais distantes apresentem a sua visão, a sua vontade, o que que eles querem pro partido e pro Brasil — disse ainda.

O governador paulista também pregou a união ao chegar a Brasília para acompanhar a divulgação dos resultados:

— Todos nós estaremos juntos, vencendo ou não vencendo, porque nós queremos democracia. Nem no radicalismo da extrema direita, nem no retorno da extrema esquerda. Queremos um novo caminho — afirmou Doria.