Racismo

Flamenguistas denunciam racismo após serem barrados em churrascaria de SC

Torcedores negros afirmam que foram impedidos de entrar em estabelecimento sob justificativa de que não havia lugares e comida

Torcedores do Flamengo acompanhando a final da Libertadores - Paula Reis / Flamengo

Dois flamenguistas barrados neste domingo em um churrascaria de Santa Catarina enquanto voltavam de ônibus do Uruguai rumo ao Rio de Janeiro afirmam que foram vítimas de racismo. O analista de sistemas Sidnei Máximo, de 37 anos, e o cantor e ator Gerson Mello, 57, ambos negros, foram impedidos de entrar no restaurante sob justificativa de que não havia mais lugares nem comida.

Vídeos divulgados nas redes sociais mostram que havia mesas vazias no estabelecimento. A dupla ainda afirma que outros integrantes da caravana em que estavam entraram no local sem problemas minutos antes e confirmaram que tinha buffet. O caso ocorreu pouco depois das 13h30. O restaurante afirma que já estava fechado e que os passageiros ingressaram sem permissão.

 "Duas pessoas que organizaram o evento desceram do ônibus e confirmaram que tinha lugar e era um local confortável. Então elas entraram para se servir. Quando eu e meu amigo fomos para a porta do restaurante, o funcionário fechou a porta e disse: 'Só um minuto que vou ver se tem vaga e refeição para todos'. Falou que não tinha e ainda ligou para a polícia", disse Máximo ao GLOBO.

Segundo o analista de sistemas, policiais militares chegaram ao local pouco depois. Os agentes conversaram com funcionários e disseram que eles alegaram não ter comida e que não esperavam receber tantos ônibus de torcedores.

"As pessoas que estavam lá dentro disseram que o buffet estava cheio. Pedi para entrar, ele fechou a porta e não deixou. O policial falou que não podia porque era um estabelecimento privado" disse. "O espanto dele (funcionário) não foi o grupo. Tinha mais dois ônibus lá, e as pessoas estavam se alimentando. Depois ele falou que ia encher. Todos os argumentos não condizem".

O publicitário Robson Barreto, um dos organizadores da caravana, conseguiu ingressar na churrascaria. Além dele, mais duas pessoas do grupo, todas brancas, entraram e verificaram que havia comida e mesas disponíveis. O trio também foi impedido de sair após a barração dos colegas na porta.

"A gente identificou que tinha comida e que agradava. Fui chamar o pessoal e não consegui sair. Dentro desse cenário todo começou a criar um clima hostil. Só depois de muito argumento nos deixaram sair" disse Barreto. "Parece que a policia deu prioridade ao empresário. deveria ter agido em favor da sociedade. Ele não pode proibir ou segmentar q vai comer no restaurante. Parece que estava escolhendo quem ia entrar".

O grupo decidiu ir embora depois de insistir nos questionamentos e receber a mesma resposta. Do lado de fora do estabelecimento, conforme as imagens gravadas, policiais reforçam que foram informados sobre a falta de estrutura para atendê-los. No ônibus, estavam 26 passageiros, incluindo crianças e idosos.

Com acessos fechados por viaturas, o grupo só encontrou outro restaurante quase 2h depois. No local, afirmam terem sido muito bem recepcionados. O ônibus está previsto para chegar até

Máximo e Mello disseram que vão procurar um advogado criminalista e registrar uma ocorrência. Em nota, churrascaria disse que o "estabelecimento já estava fechado e a comida do buffet era suficiente para satisfazer somente os clientes que já ali estavam".

"Fomos pegos de surpresa, quando o ônibus parou na frente do estabelecimento e alguns passageiros, sem educação alguma, já foram abrindo a porta do estabelecimento que estava encostada e foram adentrando e automaticamente se servindo, sem sequer pegar a comanda. Já tínhamos atendido 2 ônibus, quando chegou o terceiro com esses passageiros alterados. Não teve nenhum ato de racismo contra eles", afirmou.

"A polícia estava no local. Por que não fizeram a denúncia no momento? No vídeo em que eles gravaram, nem se quer sobre racismo eles falaram sobre. Essas falsas acusações que estão criando para difamar o estabelecimento é crime", conclui.

Procurada, a Polícia Militar não respondeu até esta publicação.