Surto de coceira e lesões na pele em Pernambuco não tem relação com ivermectina, diz infectologista
Demetrius Montenegro afirma que há apenas uma possibilidade de que uso indiscriminado do remédio comprometa tratamento de sarna.
O surto de coceira com feridas na pele que tem sido registrado em Pernambuco, dificilmente, tem alguma relação com o uso abusivo de ivermectina, medicamento prescrito para escabiose, infecção conhecida como sarna, e doenças de verme que veio a ser indicado indevidamente para pacientes com Covid-19 durante a pandemia.
De acordo com o infectologista Demetrius Montenegro, que conduz um estudo para investigar as causas do problema, há apenas uma possibilidade de que o consumo indiscriminado do remédio torne o ácaro causador da sarna mais resistente à medicação. A hipótese, no entanto, seria válida apenas se os casos relativos ao surto atual fossem de escabiose, o que ainda não está confirmado.
"A pesquisadora do artigo (produzido pela Universidade Federal de Alagoas, que teria sugerido essa relação) entrou em contato com a gente, preocupada, porque a manchete que saiu inicialmente era que o estudo previu esse surto. Não tem relação nenhuma, até porque nem sabemos se o que vem acontecendo é escabiose", disse o médico.
Entre os casos investigados pela equipe de cientistas em Pernambuco, já foram identificados quadros de sarna, que foram tratados com o medicamento. "E as pessoas dessa área não usaram ivermectina de forma profilática para Covid. Isso também está sendo investigado", acrescentou.
Estudo nas comunidades
Nesta segunda-feira (29), os pesquisadores envolvidos no estudo visitaram as comunidades do Recife onde os primeiros casos foram identificados, nos bairros de Dois Irmãos e Guabiraba, na Zona Norte, e avaliaram a situação dos moradores. Segundo a Prefeitura, até o momento, 185 casos foram registrados em 39 localidades.