Após filiar Bolsonaro, PL espera chegar a 70 deputados na Câmara
Número torna a sigla o maior partido da Câmara
Com a filiação do presidente Jair Bolsonaro nesta terça-feira, a cúpula do PL calcula terminar a atual legislatura com cerca de 70 deputados federais, número que o tornaria o maior partido na Câmara.
A bancada atual da legenda conta com 43 parlamentares. A expectativa é que até 30 nomes ingressem na sigla durante a próxima janela partidária, em março, ou quando for oficializado o União Brasil, fusão do DEM com PSL, partido que abriga boa parte dos bolsonaristas.
O potencial aumento já gera incômodo para os deputados que estavam no PL. O valor do fundo eleitoral será o mesmo, mas agora terá que ser repartido entre mais candidatos à reeleição.
Nas negociações com o PL, Bolsonaro apresentou ao cacique da sigla, Valdemar Costa Neto, uma lista de aproximadamente 30 políticos que ele gostaria que fossem acolhidos no partido. Deverão ficar de fora apenas os aliados afetados por questões regionais, ou seja, que teriam de dificuldade de estar no palanque do PL.
Líder do partido Câmara, o deputado Wellington Roberto disse que antes mesmo da filiação de Bolsonaro já havia seis parlamentares de outras siglas apalavrados, mas o ingresso do presidente potencializa a adesão, principalmente com deputados que foram eleitos em 2018 pelo PSL, então partido de Bolsonaro.
— Do PSL, esperamos de 20 a 25 deputados, além desses seis que já estavam por vir. Podemos chegar a 75 parlamentares — disse o líder, numa estimativa otimista.
Ele acredita que o PL não terá baixas significativas, embora parlamentares da legenda em alguns estados já tenham sinalizado que deixarão o partido após o ingresso de Bolsonaro. Entres eles está o vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PL-AM), crítico do atual governo, e parlamentares do Nordeste.
— Pode ser que um ou dois pontualmente saiam, mas eu ainda vou trabalhar no sentido de nenhum sair — disse.
Na semana passada, Marcelo Ramos conversou com Valdemar Costa Neto sobre sua situação. O deputado contou a interlocutores que Valdemar perguntou a ele se não seria melhor sair do PL, questionando, inclusive, se "ser expulso (pelo diretório) no estado seria ruim para sua reeleição". O vice-presidente da Câmara ficou incomodado com o episódio, relatando ter ficado decepcionado com o dirigente do partido.
Há outros deputados que estudam deixar o PL após a filiação, como Junior Mano (CE), aliado do grupo de Ciro Gomes em seu estado, e Fábio Abreu (PI), próximo do governador Wellington Dias. Em Pernambuco, o dirigente estadual e prefeito de Jaboatão dos Guararapes, Anderson Ferreira, tenta um acordo para manter o plano de uma chapa conjunta com o PSDB. Ele teme que Bolsonaro imponha a candidatura do ministro do Turismo, Gilson Machado, ao governo ou ao Senado, o que atrapalharia seus planos.
Parte dos deputados do PSL que já preparam a mudança para o PL estiveram no evento de filiação de Bolsonaro. A fila é puxada pelo filho do presidente, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), e tem ainda Vitor Hugo (GO), Nelson Barbudo (MT), Filipe Barros (PR), Coronel Tadeu (SP) e o ex-ministro do Turismo Marcelo Álvaro Antonio (MG), que deverá concorrer ao senado
— A minha expectativa é estar no PL junto com o presidente. No PSL, sabidamente cerca de 30 deputados federais estão com o presidente e estão com as portas abertas para ir para o PL, o que me foi confirmado pelo Valdemar Costa Neto. Só não vai quem eventualmente perceber que terá dificuldade de se reeleger , aí é uma opção pessoal — disse o coronel Tadeu.
No Rio de Janeiro, o presidente do PL, deputado Altineu Côrtes, diz que o partido já está preparado para receber deputados federais bolsonaristas, como Hélio Lopes (PSL-RJ), o mais votado na eleição de 2018, além de Carlos Jordy (PSL-RJ) e Luiz Lima (PSL-RJ).
Deputados estaduais também deverão migrar, entre eles Anderson Moraes e Charlles Batista. Em São Paulo, os nomes são Frederico D’Ávila, Major Meca e Gil Diniz. E em Minas, Bruno Engler.
Também são esperadas as filiações dos ministros Tarcísio de Freitas (Infraestrutura), que Bolsonaro quer como candidato ao governo de São Paulo, e Onyx Lorenzoni (Trabalho), pré-candidato ao governo no Rio Grande do Sul. Além de Gilson Machado (Turismo) e Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional), os dois sonham em disputar o Senado por Pernambuco e Rio Grande do Norte, respectivamente.
A filiação do ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles também é dada como certa para concorrer a uma vaga no Senado em São Paulo. Nos bastidores, pessoas próximas ao presidente também contam com a filiação do ex-ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, para concorrer a uma vaga na Câmara de Deputados pelo Rio de Janeiro. Também devem se filiar ao PL os assessores do presidência Max Guilherme, que tentará uma vaga para a Câmara no Rio, e Mosart Aragão, que deverá concorrer por São Paulo.