Polícia Federal prende ao menos 24 em operação contra rede de pornografia e tortura infantis
Ao menos 24 pessoas foram presas, nesta sexta-feira (3), pela Polícia Federal (PF), no âmbito da Operação Lobos II. A ação investiga um grupo de criminosos que usava a darkweb para difundir material de abuso sexual no Brasil e em diversas partes do mundo.
Por sigilo em relação à identificação das vítimas, a PF não divulgou os locais das prisões, em coletiva de imprensa realizada no Recife, nesta sexta-feira. No País, seis foram presos a partir de mandados de prisão preventiva expedidos pela Justiça Federal e os demais 18 foram presos em flagrante.
Ainda há dois foragidos e todos os 104 mandados de busca e apreensão foram cumpridos em 20 estados e no Distrito Federal – sendo dois em Pernambuco, cujos locais também não foram informados pela polícia.
De acordo com o coordenador geral de Repressão aos Crimes Fazendários em Pernambuco, Cléo Mazotti, uma prisão no Estado em 2017 desencadeou as investigações da Lobos.
“Dos dados dessa prisão, nós conseguimos uma linha investigativa que nos levou a um indivíduo em São Paulo, considerado um dos principais fomentadores, produtores e organizadores de sites e fóruns de abuso sexual de crianças e adolescentes", explicou. Esse homem, apontado como um dos líderes da rede de pornografia infantil, foi preso em 2019 no estado paulista.
A delegada Rafaella Parca, do Serviço de Repressão a Crimes de Ódio e Pornografia Infantil, explicou que um dos fóruns utilizados pelos investigados tinha como temática o abuso sexual de crianças com tortura.
"Eu nem digo violência, é tortura mesmo. Eram imagens difíceis de ver até para nós, acostumados a trabalhar com essa temática”, disse Parca, que acrescentou: “Derrubamos um percentual muito grande de fóruns na deepweb”.
Responsável pela execução da operação nesta sexta-feira, o delegado Márcio Tenório informou que um vasto material foi apreendido. “Vamos ter mais um tempo para analisar esse material e tentar identificar outras pessoas, potenciais exploradores, e produtores de pornografia infantil”, disse o delegado.
Ainda segundo Márcio Tenório, a operação pode ser considerada “cirúrgica” diante dos resultados alcançados em sua execução. As investigações continuam e a análise do material pode culminar em novas fases futuramente.
Os criminosos, aponta a PF, atuavam mediante divisão de tarefas, que incluíam arregimentadores, administradores, moderadores, provedores de suporte de hospedagem, produtores de material, disseminadores de imagens e outros.
O objetivo do grupo era produzir e realizar a difusão de imagens, fotos e comentários acerca de abuso sexual de crianças e adolescentes e ainda alimentar a demanda por esse tipo de material.
Quase dois milhões de usuários
Os sites e fóruns da darkweb eram divididos por temática, com imagens e vídeos de abuso sexual de crianças de 0 a 5 anos, abuso sexual com tortura, abuso sexual de meninos e abuso sexual de meninas.
Os sites eram utilizados por mais de 1,8 milhão de usuários em todo o mundo para postar, adquirir e retransmitir materiais relacionados à violência sexual contra crianças e adolescentes.
Crimes
Os crimes investigados são venda, produção, disseminação e armazenamento de pornografia infantil e estupro de vulnerável, sem prejuízo de outros que possam surgir com a continuidade das investigações.