Alpinismo

Alpinista mais jovem a escalar o Everest e o K2 corre risco de vida para quebrar recorde

Embora ambicioso, ele espera alcançar seu objetivo até 2024

Shehroze Kashif, alpinista - Arif ALI / AFP

O jovem montanhista paquistanês Shehroze Kashif já havia enfrentado muitos perigos nos cumes das montanhas mais altas do mundo, mas foi no K2 (perto de onde está o corpo de seu ídolo) sua pior experiência, quando estava prestes a quebrar um recorde. 

Em 27 de julho, aos 19 anos e 138 dias, ele se tornou a pessoa mais jovem a atingir o cume das duas montanhas mais altas do mundo, Everest (8.849 m) e K2 (8.611 m). 

Na época, ele estava nas encostas vertiginosas do K2, abaixo do temível "Bottleneck" (gargalo), um corredor estreito na rota de subida dominado por um grande bloco de gelo rachado. 

Foi neste canal onde ocorreu a pior catástrofe da história da montanha, quando em 2008 morreram 11 montanhistas. 

Shehroze Kashif estava perto de onde foram encontrados os corpos de três montanhistas que morreram em fevereiro, o islandês John Snorri, o chileno Juan Pablo Mohr e a lenda do montanhismo paquistanês Muhamad Ali Sadpara. 

“Fico comovido com a ideia de que vieram para cá motivados pela mesma paixão que eu”,disse Kashif em entrevista à AFP.

Agora, o Guinness Book of Records acaba de oficializar o recorde de Kashif: o mais jovem a escalar o K2 e o mais jovem a coroar os dois picos mais altos do planeta, já que em maio alcançou o cume do Everest.

 "Uma benção de Deus" 
Embora o K2 seja menos alto que o Everest, essa montanha, localizada na cordilheira de Karakorum (na fronteira entre a China e o Paquistão), é chamada de "montanha selvagem", devido à sua fama de perigosa. 

Embora Kashif tenha escalado no verão, ao retornar sofreu com a chamada "cegueira da neve" (causada pelos raios ultravioleta) e eles esteve prestes a amputar um dedo do pé. 

“Eu não tinha mais forças, foi um momento difícil (...) Um passo em falso e você desaparece”, diz ele em sua casa em Lahore, no nordeste do Paquistão. 

A paixão pelo montanhismo começou aos 11 anos, quando subiu com o pai ao Pico Makra (3.885 m), no Paquistão. 

No topo daquelas montanhas ele se sentiu "privilegiado". “As montanhas são uma bênção de Deus”, diz ele. “Vou onde me sinto mais vivo e nas montanhas é onde me sinto mais confortável”, apesar dos riscos. 

Por isso, ainda não está satisfeito com o Everest e o K2 e quer se tornar o mais jovem a alcançar o cume dos 14 picos de mais de 8.000 metros, cinco deles no Paquistão. 

Apenas cerca de quarenta pessoas realizaram este feito. O mais jovem entre eles foi o nepalês Mingma Gyabu "David" Sherpa, quando tinha 30 anos e 166 dias em outubro de 2019, segundo o Guinness World Records. 

Shehroze Kashif, que já tem quatro dos 14 picos em sua trajetória (com Manaslu em 8.163m e Broad Peak em 8.047m, além de K2 e Everest), tem uma década de sobra para alcançar as subidas restantes.