Olavo de Carvalho nega influência no governo e diz ser contra intervenção militar
O filósofo foi ouvido dentro do inquérito que apura a existência de milícias digitais bolsonaristas
Em depoimento prestado à Polícia Federal, o guru bolsonarista Olavo de Carvalho negou ter "influência" no governo do presidente Jair Bolsonaro e disse que "não se considera uma autoridade intelectual do governo federal".
O filósofo foi ouvido dentro do inquérito que apura a existência de milícias digitais bolsonaristas, sob suspeita de ser um dos incentivadores de atos antidemocráticos. Olavo de Carvalho, entretanto, buscou se distanciar dos bolsonaristas e negou ter relações próximas com eles.
"Somente conversou com Jair Messias Bolsonaro em 4 (quatro) ocasiões, sendo 3 (três) via telefone, com duração de cerca de 2 minutos cada ligação, por motivo de data festiva ou congratulações, e uma presencialmente na Embaixada do Brasil nos EUA", afirmou.
Questionado se incentivou ataques às instituições, Olavo negou. "Solicita que seja registrado que inclusive publicou livro em que condena explicitamente a ideia de intervenção militar", pediu em seu depoimento.
A Polícia Federal detectou que o guru bolsonarista deixou o Brasil de forma irregular em novembro do ano passado, quando estava sendo procurado para prestar depoimento, e comprou passagens aéreas para Miami em dinheiro vivo.
Após fugir do hospital onde estava internado, ele teria saído do Brasil pela fronteira com o Paraguai. De lá, pegou um voo para os Estados Unidos. Os registros do hospital onde Olavo de Carvalho estava internado em São Paulo registram como motivo da alta médica: "evasão do paciente". Na ocasião, sua defesa alegou à PF que não poderia prestar depoimento porque estava com problemas de saúde.
"Diante da ausência de registro de saída nos sistemas da Polícia Federal, verificou-se que Olavo de Carvalho e sua esposa Roxane Andrade saíram do país de forma irregular, visto que não foram realizados os procedimentos de imigração junto aos postos da Polícia Federal", escreveu a PF.
Ouvido em depoimento, Olavo de Carvalho disse que saiu do Brasil porque "recebeu um convite de um aluno paraguaio, chamado Pedro, não sabendo informar o sobrenome". Perguntado pela PF sobre "qual o motivo de fugir da clínica", Olavo respondeu que "não fugiu da clínica, apenas resolveu aproveitar o convite de Pedro para viajar para Assunção".
Outro ponto do depoimento gerou tensão. O guru bolsonarista disse que comprou as passagens aéreas para Miami diretamente no balcão do aeroporto de uma companhia aérea, pagando do seu bolso em dinheiro vivo, mas a PF rastreou que as passagens foram compradas por sua esposa em uma agência de turismo, também com dinheiro em espécie. Ao ser confrontado, ele mudou a versão.
Ao final do seu relato, Olavo de Carvalho pediu a palavra e quis se desvincular do chamado gabinete do ódio, milícia digital bolsonarista que faz ataques às instituições democráticas e a desafetos. "Gostaria de registrar que se existe um gabinete do ódio, este atua contra o declarante. foram publicadas diversas notícias que atacaram a honra do declarante e devido à grande quantidade de notícias falsas, ficou impossibilitado de se defender", afirmou.