JUROS

Com provável alta da taxa básica de juros, rendimento da poupança vai mudar

Essa alteração acontecerá porque a poupança tem dois cálculos diferentes dependendo do patamar da Selic

Dinheiro - Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Com a provável elevação da taxa básica de juros, a Selic, para 9,25% nesta quarta-feira, o Banco Central também estará alterando o cálculo do rendimento da poupança, mas o resultado final seria parecido neste momento.

Essa alteração acontecerá porque a poupança tem dois cálculos diferentes dependendo do patamar da Selic. Se ela estiver abaixo de 8,5%, o cálculo é um, se estiver acima, outro.

No cenário atual, com a Selic em 7,75%, a poupança rende 70% do valor da Selic mais a Taxa Referencial (TR), uma taxa calculada pelo Banco Central que leva em conta, entre outros fatores, o patamar da Selic. Como ela está zerada, o rendimento seria de 5,53% ao ano.

Já com a taxa básica de juros em 9,25%, o rendimento é de 0,5% ao mês mais a TR. Em doze meses com a taxa nesse patamar, seria um rendimento de 6,17% mais a TR. Se o cálculo continuasse pelo método anterior, o rendimento seria de 6,45%.

Como a Selic está muito próxima desse limite de 8,5%, a TR não será muito alta e por isso a diferença entre os dois cálculos ainda seria pequena.
 

Projeções da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) mostram que R$ 10 mil na poupança por 12 meses com Selic em 9,25%, renderia R$ 617 mais a TR. Já com a Selic em 7,75%, o rendimento em um ano seria de R$ 553.

Miguel Oliveira, diretor-executivo da Anefac, explica que à medida que a Selic for aumentando, a projeção do mercado é de 11,25% em 2022, a TR acompanha e o rendimento também.

"Se houver alteração do TR vai ser mínima, coisa marginal. Agora se a Selic for acima de 12% você começa a ter uma incidência maior de TR", disse.

Esses rendimentos ficam abaixo da inflação deste ano, que está em 10,73% no acumulado de dois meses em novembro. Ou seja, ao final do ano, o dinheiro perderia valor.

Segundo a planejadora financeira e professora da FGV, Myrian Lund, o patamar de 8,5% é o equilíbrio entre as duas formas de correção e por isso a mudança não faz tanta diferença.

"A taxa de 8,5% seria o ponto de equilíbrio, tanto por um sistema quanto pelo outro você vai ter a mesma rentabilidade, não tem uma mudança na taxa significativa", explicou Lund.

A planejadora financeira ressalta que há outras opções de investimento no mercado com retorno melhor do que a poupança e que deveriam ser consideradas.

"Se você quer ter um ganho acima da inflação, tem que mudar sua aplicação. Se você quiser ter liquidez diária, tem o tesouro Selic, ou CDB do banco, RPC da cooperativa, você ganha mais com liquidez diária",  disse.