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Botafogo lança obras de novo museu e espera 200 mil visitantes ao ano

A proposta não é apenas tratar do futebol, mas também de outras modalidades em que o Botafogo se destacou, como o remo

Museu do Botafogo - Fred Gomes/Divulgação

O Botafogo anuncia nesta quarta-feira (8), data em que completa 79 anos, a construção de seu novo museu, em sua sede de General Severino. A previsão é que as obras demorem exatamente um ano, e que a primeira parte da instalação seja aberta ao público no dia em que o clube irá comemorar os 80 anos de sua fundação. O projeto será desenvolvido pela Mude Brasil, empresa que já construiu outros museus esportivos pelo mundo e também está desenvolvendo um trabalho semelhante no Flamengo.

A entrada deverá ter o valor de aproximadamente R$ 35. Um estudo de impacto econômico está sendo preparado para saber em quanto a construção da atração impactará positivamente a cidade. A Coordenação do Projeto está a cargo de Ricardo Macieira, arquiteto e ex-Secretário Municipal de Cultura do Rio.

A proposta não é apenas tratar do futebol, mas também de outras modalidades em que o Botafogo se destacou, como o remo, e outros temas que não são ligados ao futebol diretamente, como a música. Marcelo Fernandes, CEO da Mude Brasil, contou que haverá uma parte dedicada a relação do Botafogo com a seleção brasileira e também com a MPB. Garrincha, o maior ídolo do clube, terá também uma área temática. Além disso, será construída uma estátua para ele. 

"O museu tem uma grande âncora que é o futebol. E tem a relação do Botafogo com a seleção brasileira. Hoje o Botafogo é o clube que mais tem campeões do mundo. A ideia é também falarmos de outros esportes e explorar o rol de torcedores célebres que acabam extrapolando o tema esportivo e abrangendo outras narrativas", disse Marcelo. 
 

Segundo contou o Daniel Gazzo, fundador da Mude, o museu será interativo, tecnológico e terá diversas exposições temporárias, justamente para fazer com que o torcedor se habitue a frequentar o local. Ele diz que impossível fazer com que torcedores de outros clubes visitem o local, mas afirma que o Botafogo tem condições de conseguir 200 mil visitantes por ano. Ele usou como exemplo os museus do Boca Juniors e River Plate, que foram desenvolvidos por ele. Segundo contou, números pré-pandemia mostravam que Boca Juniors e River Plate recebiam 400 mil e 250 mil pessoas em seus museus, respectivamente.  

"Isso não é possível (torcedores de outros clubes visitarem o local). Nossa experiência diz que um torcedor de Boca não vai ao museu do River e vice-versa. O público é de torcedores e os turistas estrangeiros e do interior. O museu do Boca recebe mais visitantes do que o do River porque a localização é menos atrativa para os visitantes, mas há público para ambos", contou. 

Entre as atrações que o museu poderá ter, uma está em negociação e depende de aprovação. O projeto prevê a construção de um farol que refletirá a estrela solitária à noite. A estrutura deve ter aproximadamente 30 metros de altura. O Botafogo e a Mude conversam com os órgãos competentes para saber se a ideia é viável e segura.  

O projeto é avaliado em aproximadamente R$ 10 milhões, e diferente do museu do Flamengo, se beneficiará apenas da Lei de Incentivo à Cultura do Rio de Janeiro e de um patrocinador, por enquanto. Também está sendo estudada a possibilidade de financiamento coletivo em que os torcedores poderão ajudar na construção do museu e ter alguma vantagem como retorno. 

O museu do rubro-negro está envolvo a uma polêmica sobre a origem de parte do orçamento para a sua construção. Segundo uma reportagem do “Estadão”, R$ 3,7 milhões do total de R$ 18 milhões foram dados pela Agência Estadual de Fomento (AgeRio) à Mude Brasil através de um empréstimo. O valor, no entanto, faz parte de uma verba emergencial de R$ 5 bilhões, viabilizada pelo Ministério do Turismo, a ser disponibilizada para pequenas e médias empresas do setor do turismo para evitar que elas entrem em recuperação judicial. 

Procurada, a Agerio esclareceu que “trata-se de financiamento com respaldo legal e dentro das regras estabelecidas pelo Ministério do Turismo” E que “houve vasta análise técnica por parte da AgeRio sobre o impacto do projeto executado pela Mude Brasil e os respectivos impactos positivos no Turismo do Estado do Rio”. A agência finalizou informando que “o cronograma de execução do projeto de ampliação do museu foi significativamente impactado pelos efeitos da pandemia da Covid-19 na cadeia de fornecimento dos produtos e serviços relacionados a sua execução, impossibilitando a sua conclusão e inauguração dentro do prazo projetado”. 

Já a Mude Brasil informou o empréstimo está em linha com o determinado pelo Tribunal de Contas da União. Além de que a verba foi solicitada a Agerio “atendendo a todos os pré-requisitos necessários à competência da agência: concessão de crédito, com prazos e taxas de juros devidamente estabelecidos, a projetos que gerem retorno financeiro e de desenvolvimento ao Estado do Rio de Janeiro”. A empresa também frisou que “segundo a FGV, o índice de alavancagem econômica do projeto aponta que para cada R$ 1 investido, R$ 37 retornam para a economia do estado, seja em forma de impostos, na geração de postos de trabalho ou no incremento de serviços ligados ao turismo”.