Teatro

Com Camila Pitanga, 'Por que não vivemos?' sobe ao palco do Teatro de Santa Isabel

Espetáculo da Companhia Brasileira de Teatro cumpre temporada no Recife a partir desta quinta-feira (9)

"Por que não vivemos?" - Nana Moraes/Divulgação

A atriz Camila Pitanga chega ao Recife com a peça teatral “Por que não vivemos?”, da Companhia Brasileira de Teatro. O espetáculo, que estreou em 2019 e teve sua circulação interrompida pela pandemia de Covid-19, inicia seu retorno aos palcos pela Capital pernambucana. As sessões no Teatro de Santa Isabel ocorrem desta quinta-feira (9) até sábado (11), às 19h, e no domingo (12), às 18h.

“É um renascimento. Eu considero um começar de novo. Por mais que todos nós já tenhamos vivido intensamente essa peça e ela já esteja na gente, houve um hiato enorme. Acho que é uma coisa que vai ser inaugurada no corpo a corpo com o público. Estou muito ansiosa para isso”, comentou a atriz, em entrevista à Folha de Pernambuco.

A companhia teatral curitibana encena um texto de Anton Tchekhov (1860-1904), adaptado por Marcio Abreu, Nadja Naira e Giovana Soar. A obra original foi escrita no final do século 19 e publicada apenas em 1923, depois da morte do dramaturgo russo, quando foi encontrada entre os arquivos do seu irmão. Somente a partir dos anos 1990 é que a peça passou a ganhar montagens.
 



Inacabada, obra permite leituras

“Essa obra vem sendo revisitada por vários artistas do teatro e do cinema, porque ela é muito porosa, repleta de visitas a gêneros de linguagem e passível de leituras múltiplas. É um texto jovem e inacabado, o primeiro escrito por Tchekhov, mas que carrega quase todos os princípios que ele foi desenvolvendo no seu trabalho ao longo da vida”, aponta Marcio Abreu, que assina também a direção da montagem.

Embora tenha sido encontrada sem um título oficial dado por seu criador, a peça ganhou o mundo como “Platonov”, uma referência ao personagem central do drama. Na versão da Companhia Brasileira de Teatro, foi batizada como “Por que vivemos?”. “Esse título vem de uma frase que é dita a certa altura do espetáculo. Uma pergunta que pode ser vista em duas perspectivas, no mínimo. Você pode pensá-la no sentido do passado, mas também no futuro, como uma convocação. É um convite aos sentidos pulsantes e importantes na vida”, explica o encenador.

Primeira montagem brasileira

Ao trazer o drama russo para os palcos brasileiros, os encenadores optaram por não defini-lo em um lugar ou época específicos. Na trama, o professor Mikhail Platonov (Rodrigo de Odé) participa de uma festa na propriedade rural de uma jovem viúva. O reencontro com um amor do passado faz com que ele reaviva seus dissabores e revoltas. Camila Pitanga interpreta Anna Petrovna, anfitriã do evento. A personagem é a mesma vivida por Cate Blanchett na versão para a Broadway, “The Present”, em 2017.

Para a atriz, a montagem - primeira brasileira - apresenta uma leitura própria da criação de Tchekhov, em diálogo estreito com a realidade do País. “A dramaturgia foi escrita em um período pré-revolução, quando a sociedade russa vivia entre muita perplexidade e a total falta de perspectiva. Acho que era essa também a sensação no Brasil em 2018, quando a gente estava trabalhando nessa peça. Agora, acredito que vamos voltar em outro momento. A necessidade de reação é maior. Vivemos a pandemia e a tragédia de tantas mortes. Mais do que nunca, a frase ‘enterrar os mortos e reparar os vivos’, que é dita no final do espetáculo, é no sentido de honrar essa dor, mas sem deixar de lutar pela vida”, defende a atriz.

 

Serviço

“Por que não vivemos?”
Onde: Teatro de Santa Isabel
Quando: de 9 a 12 de dezembro; de quinta a sábado, às 19h, e domingo, às 18h
Ingressos: R$ 40 e R$ 20 (meia-entrada), pelo site Sympla