Pernambuco autoriza uso da Pfizer como dose de reforço para quem tomou vacina da Janssen
O secretário André Longo afirmou que a medida ocorre por conta da demora do Ministério da Saúde em enviar doses de Janssen suficientes para o reforço
Em coletiva de imprensa na tarde desta quinta-feira (9), na sede da Secretaria de Saúde de Pernambuco, no bairro do Bongi, o secretário estadual de Saúde, André Longo, criticou a quarentena de cinco dias aplicada pelo Governo Federal para viajantes sem vacinação e anunciou que os municípios do estado estão autorizados a utilizar a vacina Pfizer como dose de reforço para quem recebeu a dose da vacina da Janssen.
“Essa medida foi recomendada pelo nosso comitê técnico, baseada em estudos científicos que atestam a segurança e eficácia desse esquema heterólogo e se deve ao envio insuficiente de doses (de Janssen) do Ministério da Saúde”, explicou Longo. De acordo com o secretário, Pernambuco recebeu 19 mil doses da Janssen e precisa de um total de 173 mil doses. “Diante da demora por Janssen, é mais seguro para as pessoas tomarem a Pfizer”, pontuou.
As pessoas que tomarem a dose de reforço da Janssen, seja com outra dose da Janssen ou com Pfizer, estarão com o esquema de vacinação completo.
Segundo o secretário, a decisão anunciada hoje é similar à que ocorreu quando foi recomendado o uso da Pfizer na falta da AstraZeneca. “Muita gente já ultrapassou os cinco meses desde que tomou a dose da Janssen, e a gente quer que essas pessoas também tenham a segurança da dose de reforço”, disse Longo, que frisou a meta do governo estadual de ter 90% da população com duas doses aplicadas até fevereiro de 2022, além de ter toda a população vulnerável com a vacina de reforço aplicada nessa data.
A coordenadora do Programa Estadual de Imunização, Ana Catarina de Melo, que também esteve na coletiva, frisou que as doses enviadas pelo Governo Federal serão suficientes para aplicação ao longo de apenas dois dias. “Essas 19 mil doses que chegaram ao estado serão distribuídas amanhã (10/12), mas sabemos que vão durar no máximo dois dias em cada município, pois o volume é muito pequeno diante da necessidade”, afirmou. “Como não temos perspectivas de quando vão chegar, recomendamos a utilização da Pfizer”, acrescentou.
A coordenadora ainda destacou que mais de 500 mil pessoas estão com a segunda dose em atraso em Pernambuco.
Apoio a Anvisa
André Longo ratificou o apoio da Secretaria Estadual de Saúde às recomendações da Anvisa, para que o governo federal mude as exigências para entrada no País, com a cobrança de comprovante de vacinação para turistas e viajantes. “Inclusive, aqui em Pernambuco, para entrar no Arquipélago de Fernando de Noronha já exigimos essa comprovação da vacinação, seria muito mais seguro para o País que a gente tivesse a adoção dessa medida em todos os aeroportos brasileiros na entrada de visitantes, mesmo na entrada de brasileiros”, afirmou.
Críticas ao Governo Federal
O secretário preferiu “deixar sem adjetivos” a portaria interministerial do Governo Federal, emitida na última quarta-feira (08), que determina a quarentena de cinco dias para os passageiros que entrarem no Brasil sem estarem vacinados. “Falta tecnicidade, o órgão técnico que deveria ser ouvido não está sendo ouvido, que é a Anvisa. A população quer segurança sanitária, infelizmente não temos isso no procedimento atual do Governo Federal. Bastava fazer o óbvio, o correto, o técnico, que não estaríamos nessa situação”, disse Longo, acrescentando que “já que ele (Governo Federal) complicou a situação, ele precisa dizer como vai fazer”.
“Vamos precisar da listagem de passageiros, articulação com a Anvisa local para saber o papel que vai caber a cada um nesse processo. Vai ter que fazer um controle do local onde a pessoa vai ficar, essa pessoa que chega ao País sem ser vacinada gera um problema operacional. É preciso controlar o local, para depois do quarto ou quinto dia colher o exame para então elas estarem liberadas para circular. Se estabeleceu uma quarentena alternativa à vacina e isso gera dificuldade maior de controle”, disse Longo.
Ele ainda acrescentou que não há, por exemplo, definição se haverá alguma punição para o viajante não vacinado que circule antes dos cinco dias de quarentena. “A pessoa que descumprir, circular antes da quarentena estará em infração, a questão é como se vai fiscalizar isso. É preciso haver uma lista dessas pessoas, saber onde estão, o operacional disso é muito complexo. Aguardamos a Anvisa para saber o procedimento”.