Com oposição de evangélicos, deputados tentam levar ao plenário texto que legaliza jogos de azar
A iniciativa já causou insatisfação na bancada evangélica, que é contra a ideia
A Câmara dos Deputados pode acelerar nesta segunda-feira (13) a tramitação da proposta que legaliza os jogos de azar no Brasil. Foi incluído na pauta um requerimento de urgência que, se aprovado, deixa o texto pronto para ser votado em plenário a qualquer momento. A iniciativa já causou insatisfação na bancada evangélica, que é contra a ideia.
Desde outubro, deputados mantêm encontros e reuniões fechadas para fazer passar na Câmara o projeto que permite a reabertura dos cassinos, a legalização dos bingos e outras modalidades como jogo do bicho.
A proposta debatida por um grupo de trabalho (GT) criado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), é de 1991 e cria o Marco Regulatório dos Jogos. Nas reuniões, os deputados tentaram criar estratégias para convencer a bancada evangélica e alas da esquerda, contrários aos jogos, a pelo menos não trabalharem contra a pauta.
Nas últimas semanas, Lira andou fazendo uma rodada de conversa com as bancadas temáticas para saber quais projetos de lei elas queriam levar ao plenário o mais rápido possível.
Dos deputados da Frente Parlamentar Evangélica, Lira ouviu que a prioridade era passar o projeto de lei que isenta de tributação imóveis e negócios que sejam ligados a instituições religiosas. Pouco se falou sobre a agenda de costumes e o pedido mais incisivo não foi para aprovar uma proposta, e sim para barrar uma: justamente a de legalização dos jogos de azar.
Integrante da bancada evangélica, o deputado Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ) disse ao Globo que Lira descumpre o combinado ao pautar o requerimento de urgência.
"Vamos trabalhar para derrubar (o requerimento de urgência) ou conscientizar o Arthur (Lira) para retirar (de pauta). Se não retirar, nós vamos fazer obstrução da pauta da Câmara. Ele descumpriu o que falou para gente, em reunião com 70 convidados. Ele falou que, se pautasse, seria em comum acordo", disse Sóstenes.
Para os parlamentares evangélicos, os jogos de azar são vistos como uma "abominação" que pode trazer maldição à nação.