Cuba critica cúpula de Biden pela democracia, na véspera da reunião da ALBA
Segundo a chancelaria cubana, a cúpula não apresentou propostas concretas para enfrentar os problemas urgentes do mundo
Cuba considerou nesta segunda-feira (13) que a Cúpula pela Democracia, organizada pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, foi um mero "exercício demagógico" que não apresentou propostas concretas para enfrentar "os problemas mais urgentes do mundo", na véspera de sediar uma reunião do mais alto nível da ALBA.
“Com discursos pré-gravados dos convidados e uma agenda totalmente manipulada”, a cúpula virtual de dois dias, que terminou na sexta-feira, “foi um exercício demagógico, com benefício zero para a comunidade internacional e sem nenhuma proposta para resolver os problemas mais urgentes do mundo”, apontou a chancelaria cubana em nota publicada em seu site.
“Como artifício político, (a cúpula) só serviu para mostrar o crescente isolamento, alienação e perda de influência da nação mais poderosa do planeta (os Estados Unidos)”, cujo governo “perdeu a oportunidade de convocar um encontro inclusivo” e "promotor de cooperação".
A cúpula, que reuniu representantes de cerca de 100 governos, recebeu fortes críticas da China e da Rússia, países não convidados, além de oito nações latino-americanas, entre elas Cuba, Nicarágua, Bolívia e Venezuela, que integram a Aliança dos Povos da Nossa América (ALBA), bloco fundado por Fidel Castro e Hugo Chávez em 2004, e que celebrará na terça-feira sua vigésima cúpula, em Havana.
“Na terça-feira estaremos recebendo nossos irmãos da ALBA no Palácio da Revolução. Com o legado intacto de Fidel e Chávez, renovaremos nosso compromisso com a unidade e integração, muito mais neste difícil momento de pandemia. #ALBAUnida”, o presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, tuitou nesta segunda-feira.
Em seu comunicado, a chancelaria destacou que "o único resultado aparente" da cúpula convocada por Biden foi seu "compromisso de destinar 400 milhões de dólares à subversão política de Estados soberanos em franca violação do direito internacional".
“Como Cuba vem alertando, o governo americano conduz uma campanha perigosa, que visa a criar um cisma internacional, dividir o planeta e punir os países que defendem projetos progressistas ou não aceitam os modelos impostos pelos Estados Unidos”, apontou a chancelaria.
A este respeito, o secretário executivo da ALBA, Sacha Llorenti, confirmou nesta segunda-feira em Havana que o bloco vai analisar na terça-feira a criação de um observatório que irá reparar relatórios periódicos sobre "para onde vai esse dinheiro, quem o recebe" e "para que fins".
Da mesma forma, esses relatórios abordarão "como as medidas coercitivas unilaterais são aplicadas nos países da Aliança, como as chamadas organizações não-governamentais são usadas para afetar a soberania dos países", acrescentou Llorenti em entrevista coletiva.
A chancelaria informou sobre a chegada de algumas delegações dos dez países latino-americanos e caribenhos que integram a ALBA à capital cubana na noite de domingo.