Todas as vacinas contra Covid em uso no Brasil são efetivas, diz Fiocruz; taxas superam testes
Dados levantados pelo boletim compreendem os 150 milhões de brasileiros que receberam doses das vacinas autorizadas para uso no País até outubro: AstraZeneca, CoronaVac, Pfizer e Janssen
Primeiro boletim do projeto Vigivac, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), indica que as quatro vacinas contra Covid-19 em uso no Brasil "têm demonstrado efetividade em proteger a população".
As taxas de eficácia dos imunizantes, inclusive, chegam a superar as encontradas nos testes clínicos realizados com voluntários.
Os dados levantados pelo boletim compreendem os 150 milhões de brasileiros que receberam doses das vacinas autorizadas para uso no País até outubro: AstraZeneca, CoronaVac, Pfizer e Janssen.
Especialistas reiteram que a desaceleração da pandemia no Brasil é fruto do avanço da vacinação contra o coronavírus. A média móvel de mortes no País, por exemplo, está em queda: dados do consórcio de imprensa mostram 151 mortes diárias, número que no pico chegou a ser de mais de 3 mil, em média.
Segundo o boletim, a proteção encontrada variou entre 83% e 99% para todas as vacinas e faixas etárias. A imunização contra formas graves ficou em 98% para a vacina da Pfizer; 97% para a AstraZeneca; e 89% para a CoronaVac - dados da Janssen não foram divulgados.
"Foi uma boa surpresa para nós que, na vida real, os números foram melhores que no período de testes. Uma taxa maior na vida real acontece algumas vezes. Felizmente isso ocorreu na Covid-19, o que mostra que as vacinas funcionam e conferem proteção quase por igual, com uma pequena diferença entre elas", disse ao UOL o pesquisador na área de imunologia da Fiocruz Bahia, Manoel Barral-Netto.
A Fiocruz analisou dados de infecções sintomáticas, internações hospitalares e óbitos por Covid-19 no País até outubro. O estudo também conclui que para a população abaixo de 60 anos, todas as vacinas apresentam proteção acima de 85% contra risco de hospitalização e acima de 89% para risco de óbito.
Estudos publicados pelos fabricantes indicavam as seguintes taxas de proteção: Pfizer (95%); AstraZeneca (70%); CoronaVac (50,38% de eficácia global; 78% em casos leves; 100% em casos graves e moderados); Janssen (66,9%).
Acesse aqui o boletim na íntegra
CoronaVac
Principal vacina utilizada no primeiro trimestre, especialmente em idosos e profissionais prioritários, a CoronaVac apresentou "alta proteção em todas as faixas etárias estudadas".
No entanto, destaca o boletim, o imunizante produzido no Brasil pelo Instituto Butantan tem maior variação e proteção levemente menor contra infecção em relação às outras vacinas.
A proteção variou entre 89% e 95%. Para eventos de infecção, os índices giraram em torno de 66% a 72%.
AstraZeneca
Vacina mais usada no Brasil no período analisado pela Fiocruz, com cerca de 20 milhões de primeiras doses e 13 milhões de segundas doses, a AstraZeneca mostra alta proteção contra óbitos, de 99%. Para hospitalizações e infecções, a proteção variou entre 97% e 99% e 88% e 92%, respectivamente.
Na população com 60 anos e mais, observou-se uma queda na efetividade, principalmente a partir dos 80 anos.
Pfizer
A vacina produzida pela Pfizer apresentou efetividade em todas as faixas etárias estudadas, sempre acima dos 96%. A proteção contra óbito e internação por Covid-19 no grupo de pessoas de até 59 anos foi de 99%.
Alguns dados não puderam ser calculados por causa da disponibilidade na data de obtenção das informações.
Janssen
De acordo com o Vigivac, a vacina da Janssen, até então aplicada em dose única, foi a que apresentou intervalos de confiança para o estudo mais alargados e maior variação da efetividade mensurada.
Na população de até 59 anos que recebeu o imunizante, foi encontrada a proteção contra óbito de 78% a 94%, contra hospitalização ficou entre 88% e 91% e contra infecção de 68% a 73%.