Eduardo Bolsonaro critica China após queda de embargo a carne brasileira
Deputado federal sugeriu em publicação que chineses 'criam obstáculos somente para baixar os preços'; declaração ocorreu horas depois de país asiático liberar exportações suspensas há mais de três meses
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente brasileiro, criticou a China horas após a queda do embargo às exportações de carne bovina do Brasil, que durava mais de três meses. Em publicação no Twitter, o parlamentar insinuou que os chineses "criam obstáculos somente para baixar os preços".
"Diversificar suas exportações a fim de não depender exclusivamente de nenhum país faz parte de estratégia geopolítica para evitar problemas como este.A fama da China já vai longe em práticas como essa: criam obstáculos somente para baixar os preços", escreveu Eduardo.
As exportações de carne bovina do Brasil para a China estavam suspensas devido a dois casos atípicos do mal da vaca louca, confirmados pelo Ministério da Agricultura no início de setembro. A autorização para a retomada foi publicada nesta quarta-feira na página da Administração Geral de Alfândegas da China (GACC), responsável pela fiscalização sanitária dos produtos que entram no país.
A liberação traz alívio para os exportadores, que acompanhavam com ansiedade as consultas técnicas mantidas nas últimas semanas entre representantes dos dois países. O setor foi pego de surpresa com a suspensão prolongada, já que a expectativa inicial era de que ela duraria no máximo duas semanas, como ocorreu na última vez em que as exportações foram interrompidas pelo mesmo motivo, em 2019. Na época, porém, havia sido registrado apenas um caso do mal da vaca louca, e as restrições sanitárias da China eram menos rígidas do que agora, quando o país redobrou os cuidados por causa da Covid-19.
Entidades ligadas ao agronegócio e ao comércio exterior estimam que o embargo chinês à carne brasileira tenha causado prejuízo de cerca de US$ 2 bilhões. Com a decisão do governo chinês, as ações de frigoríficos lideram as altas da Bolsa.
Questionada, a embaixada da China no Brasil não respondeu até o momento.
Esta não é a primeira vez que Eduardo entra em confronto com Pequim. Em março do ano passado, o deputado culpou o país asiático pela pandemia da Covid-19. Meses depois, o parlamentar acusou o Partido Comunista Chinês de espionagem, ao falar sobre a adesão do Brasil à chamada Clean Network (Rede Limpa), articulada pelos Estados Unidos junto a outros países e cujo objetivo é banir a Huawei dos serviços de tecnologia 5G.
Eduardo apagou uma postagem em seu perfil no Twitter sobre a tecnologia 5G em que falava de "espionagem da China". Na ocasião, ele manteve, no entanto, um trecho em que dizia que a empresa chinesa Huawei tem "comportamento perigoso". Também defendeu, mais uma vez, a iniciativa dos EUA de criar uma aliança internacional que discrimina a tecnologia da China.
Após a postagem, a embaixada da China reagiu e chegou a fazer uma reclamação formal ao governo brasileiro.