EUA publica tesouro de arquivos secretos sobre assassinato de John F. Kennedy
Os documentos mostram que diversas pistas foram analisadas envolvendo a inteligência russa ou até grupos comunistas africanos e a máfia italiana
As autoridades americanas publicaram nesta quarta-feira (15) milhares de arquivos secretos sobre o assassinato do presidente John F. Kennedy, um acaso que ainda alimenta teorias da conspiração apesar da conclusão oficial de que Lee Harvey Oswald foi o autor do disparo fatal.
Os arquivos da CIA e do FBI mostram que os investigadores americanos ampliaram consideravelmente seu raio de busca para averiguar se Oswald conspirou com outras pessoas para realizar o assassinato de 22 de novembro de 1963, um acontecimento que chocou o mundo.
Os documentos mostram que diversas pistas foram analisadas envolvendo a inteligência russa ou até grupos comunistas africanos e a máfia italiana.
Também evidenciam os enormes esforços dos Estados Unidos para espionar e influenciar o governo comunista cubano de Fidel Castro, com quem Oswald tinha contatos e que Kennedy havia tentado derrubar.
Os 1.491 documentos, muitos deles relatórios extensos, foram postados na página JFK Assassination Records do Arquivo Nacional, que já possui dezenas de milhares de registros relacionados à morte de Kennedy e à investigação subsequente.
O assassinato de Kennedy provocou o surgimento de várias teorias da conspiração, que não aceitam o veredicto oficial de que Oswald trabalhava sozinho quando atirou em Kennedy enquanto o jovem presidente desfilava pelas ruas de Dallas, Texas, em uma limusine conversível.
Alguns acreditam que Oswald, simpatizante do comunismo, foi usado por Cuba ou pela União Soviética.
Outros acreditam que ativistas anticubanos, possivelmente com o apoio da inteligência americana ou do FBI, mataram Kennedy.
Há também os que afirmam que os adversários políticos de Kennedy podem estar por trás do assassinato.
"Conspirações sinistras"
Quatro anos atrás, o ex-presidente Donald Trump foi obrigado por uma lei de 1992 a divulgar informações retidas pela inteligência dos EUA sobre o assunto.
A lei exige que todos os registros do governo sobre o assassinato sejam divulgados "para permitir que o público seja totalmente informado".
Trump desclassificou mais de 53.000 documentos em sete itens, que representaram 88% de todo o conteúdo sobre o assassinato, de acordo com o Arquivo Nacional.
No entanto, Trump manteve milhares de documentos em sigilo por razões de segurança nacional.
Este ano, o presidente Joe Biden prometeu cumprir a lei, embora também tenha sido criticado em outubro, quando a Casa Branca adiou novas desclassificações.
Biden explicou na época que o atraso era necessário "para proteger contra danos identificáveis à defesa militar, operações de inteligência, aplicação da lei ou conduta nas relações exteriores".
A Casa Branca está agora sob pressão para concluir a revisão dos documentos antes do final de 2022, quando deverão ser divulgados, a menos que o governo dê motivos para retê-los.
Philip Shenon, um especialista sobre o dossiê do assassinato de Kennedy, escreveu em um artigo publicado no meio de comunicação americano Politico nesta quarta-feira que há provavelmente documentos que nunca serão divulgados por razões de segurança.
"Enquanto o governo continuar a manter alguns documentos ocultos, isso apenas promoverá ainda mais a ideia de que as conspirações sinistras na morte de Kennedy têm base em fatos", alertou.
"Hoje, a QAnon, que o FBI considera uma ameaça do terrorismo nacional, adotou as teorias da conspiração de JFK", acrescentou Shenon, referindo-se ao movimento conspiratório de amplo espectro dos Estados Unidos que ganhou popularidade nos últimos anos.
Shenon estimou que 15.000 documentos relacionados a assassinato permanecem confidenciais, a maioria deles da CIA e do FBI.