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Negociação para legalizar jogos e isentar Igrejas de IPTU gera briga entre evangélicos

A acusação é a de que houve um acerto em troca da análise da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que isenta templos religiosos do pagamento de IPTU

Jogos de azar - Freepik

Diante da pressão pela análise do projeto que legaliza os jogos de azar, integrantes da bancada evangélica trocaram uma série de acusações na manhã desta quinta-feira (16). Segundo O GLOBO apurou, parlamentares ligados ao pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus, levantaram suspeitas de que o líder da bancada, Cezinha de Madureira (PSD-SP), fechou um acordo secreto com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para a votação do texto.

A acusação é a de que houve um acerto, sem consulta ao restante do grupo, em troca da análise da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que isenta templos religiosos do pagamento de IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano).

As duas matérias podem ir a votação nesta quinta-feira. Ao GLOBO, Cezinha negou ter fechado qualquer acordo e disse que trabalhará para obstruir o plenário. Ele afirma que a bancada é contra a legalização dos jogos, e que não há flexibilização.

Na Câmara, a maior parte do grupo diz publicamente que a legalização dos jogos é um projeto imoral e que corrói os valores da família.
 

Entre telefonemas, mensagens de WhatsApp e conversas nos corredores na Câmara, o assunto na bancada era um só:  a suspeita de um entendimento debaixo dos panos, sem transparência.

Oponentes internos de Cezinha dizem que não faz sentido o próprio Lira anunciar que votaria a PEC que dá isenção às igrejas sem um acordo com o líder da bancada.

Dizem também que esse texto foi uma sugestão de David Soares, filho do pastor RR Soares, fundador da Igreja Internacional da Graça de Deus. 

Para se defender, Cezinha passou a enviar pelo Whatsapp fotos de uma reunião, há cerca de duas semanas, em que estiveram presentes Arthur Lira e o deputado Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ), ligado a Malafaia.

Na ocasião, Lira falou sobre os projetos que pretendia pautar até o fim do ano, como a legalização dos jogos. O ponto de Cezinha é que Lira vem tentando emplacar a pauta, mas a bancada evangélica sempre se posicionou de forma contrária.

Cezinha reconhece que a bancada também sugeriu a votação da PEC que dá isenção às igrejas. Mas alega que não há um “toma lá, dá cá”.

Nesta quinta-feira (16), até mesmo senadores foram à Câmara se inteirar do assunto. Eduardo Girão (PODE-CE), por exemplo, gravou um vídeo na entrada do plenário sobre o assunto. Disse que a legalização dos jogos representa a destruição de valores e princípios da família. Segundo ele, os deputados estavam dispostos a “votar e tratorar”.

"Estou aqui nesse 16 de dezembro, na frente da Câmara dos Deputados, vou dar uma informação para você e pedir a sua mobilização. Sem você saber, sem o Brasil saber, de forma sorrateira, foi marcada na última sessão do ano a liberação dos jogos de azar", disse Girão.

Para tentar articular uma reação à iniciativa de Lira, Malafaia deve desembarcar nesta tarde em Brasília.