Salles retira candidatura ao Senado em SP e diz que ministro escolheu empresário para a vaga
Salles, que era o nome de confiança de Bolsonaro para a disputa de senador, agora vai tentar uma vaga à Câmara ade Deputados
Ex-colegas de Esplanada, o ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, apresentaram nesta quinta-feira (16) versões diferentes sobre o futuro do palanque do presidente Jair Bolsonaro em São Paulo.
Salles disse ao GLOBO que retirou candidatura ao Senado no estado justificando que Tarcísio decidiu concorrer ao governo, mas escolheu ter ao lado o empresário Paulo Skaf, ex-presidente da Federação das Indústria de São Paulo (Fiesp), disputando a vaga de senador. Por sua vez, o ministro da Infraestrutura negou as declarações do colega e, por mensagem ao GLOBO, disse que “não houve nada disso”.
Salles, que era o nome de confiança de Bolsonaro para a disputa de senador no maior colégio eleitoral do país, agora vai tentar uma vaga à Câmara ade Deputados.
"Tarcísio topou disputar o governo de São Paulo, mas ele quer o Skaf candidato ao Senado. É natural que ele, aceitando a concorrer a governador, também possa se sentir confortável em escolher o candidato ao Senado que vai fazer junto com ele essa maratona", disse Salles ao GLOBO.
O ex-ministro do Meio Ambiente disse que não foi comunicado oficialmente por Tarcísio de que Skaf será sua escolha ao Senado, mas contou que esteve com eles na quarta-feira em São Paulo e tomou conhecimento das conversas. Oficialmente, o ministro não assumiu a candidatura e negou as falas de Salles. Procurado, Paulo Skaf não quis se manifestar.
"Já é fato que ele (Tarcísio) é candidato, não sei se ele fará anúncio oficialmente. Já está anunciado tacitamente", disse Salles.
Salles era o nome apontado por Bolsonaro para ser seu candidato em São Paulo. Nas últimas semanas, como mostrou O GLOBO, aliados passaram a defender que Skaf disputasse o Senado na chapa de Tarcísio. Nos últimos dois meses, o ministro da Infraestrutura intensificou sua agenda política em São Paulo e o ex-presidente da Fiesp passou a abrir portas do empresariado paulista para Tarcísio.
"O presidente queria que fosse eu, mas nessas horas tem que respeitar o Tarcísio também. Se ele prefere o Skaf, não vou eu ficar me impondo", disse.
O ex-ministro contou que ainda não conversou com o presidente da República sobre o assunto, mas que sempre se mostrou disposto a abrir mão da candidatura para beneficiar a candidatura de Tarcísio ao governo.
"Já tinha conversado com o presidente que, se houvesse a necessidade de eu abrir mão pra que houvesse uma composição aqui em São Paulo que atendesse a candidatura do Tarcísio, eu estava disposto a abrir mão sem problema nenhum", afirmou.
Salles diz que disputará uma vaga na Câmara de Deputados. O partido provável é o PL, a qual Bolsonaro se filiou no mês passado. O ex-ministro diz que não guarda ressentimentos de Tarcísio:
"Não tem nenhum ressentimento. Ele (Tarcísio) está indo pro sacrifício, aceitando o ônus de ser candidato a governador por São Paulo. É natural ele ter o direito pelas razões dele, que eu não sei quais são e também não vou ficar perguntando, preferir ter por estratégia o Skaf do que eu".
O ex-ministro que já vinha percorrendo o estado de São Paulo em pré-campanha não vê espaço para atuar na coordenação de campanha de Tarcísio ao Palácio dos Bandeirantes.
"Disposto (a participar da coordenação) até eu posso estar, mas não vejo o Paulo Skaf dando espaço para alguém fazer isso. O Paulo Skaf ele é uma pessoa que que gosta de preencher todos os espaços. Eu acho que ele está vindo pro Senado e ele vai querer fazer esse trabalho aí de coordenação".