COVID-19

Comitê dos EUA recomenda priorizar vacinas de Pfizer e Moderna sobre a da J&J

Dados preliminares de testes de laboratório sugerem que a injeção oferece menos proteção contra a nova variante ômicron, ao menos contra a infecção

Vacina contra a Covid-19 desenvolvida pela empresa Janssen, braço farmacêutico da Johnson & Johnson - Frederic J. Brown/AFP

Um comitê de especialistas médicos dos Estados Unidos, que assessora o governo, votou nesta quinta-feira (16) a favor de recomendar as vacinas anticovid das farmacêuticas Pfizer e Moderna sobre a da Johnson & Johnson, devido à sua menor proteção e maiores riscos.

A votação foi unânime (15-0) em apoio à chamada "recomendação preferencial", que se aplica a todos os maiores de 18 anos.

Rochelle Walensky, diretora dos Centros para o Controle e a Prevenção de Doenças (CDC), aprovou a medida na noite desta quinta-feira, urgindo a população a se vacinar e receber uma dose de reforço da vacina contra a Covid-19.

"A recomendação atualizada de hoje enfatiza o compromisso do CDC de fornecer informação científica em tempo real ao público americano", destacou Walensky em um comunicado. 

Oficialmente, a recomendação desvia a população americana da vacina da Johnson & Johnson, elogiada a princípio porque podia ser armazenada a temperaturas de um refrigerador e oferecia boa eficácia contra as primeiras cepas do coronavírus com apenas uma dose.

Mas depois surgiram evidências relacionando o imunizante com uma forma rara de coágulos, especialmente em mulheres em idade reprodutiva, levando as autoridades a suspenderem seu uso para voltar a retomá-lo em abril. Desde então, ficou como uma distante terceira opção de vacinação para os americanos.

Além disso, dados preliminares de testes de laboratório sugerem que a injeção oferece muito pouca proteção contra a nova variante ômicron, ao menos contra a infecção.
 

"Eu não recomendaria uma vacina Janssen aos membros da minha família", disse sobre seu voto Beth Bell, professora na Universidade de Washington, referindo-se à vacina da Johnson & Johnson.

"Por outro lado, penso que temos, sim, que reconhecer que diferentes pessoas tomam decisões diferentes e que se estão devidamente informadas, não acho que se deva eliminar esta opção", completou.

Nove Mortos 

Os Centros de Prevenção e Controle de Doenças (CDC) convocaram a votação depois que surgiram casos mais sérios de coagulação.

Ao menos nove pessoas morreram devido a coágulos com baixas plaquetas ou trombose com síndrome de trombocitopenia (TTS) até 9 de dezembro após a aplicação de cerca de 16 milhões de doses, segundo números divulgados pelo CDC.

Até 31 de agosto foram registrados 54 casos e 36 precisaram de terapia intensiva. Alguns dos que não faleceram tiveram efeitos de longo prazo, como paralisia.

O maior risco foi detectado em mulheres entre os 30 e os 49 anos, grupo no qual a taxa de TTS situou-se perto de um por 100 mil.

Mas o risco não se limita a este grupo demográfico, pois duas em cada nove mortes ocorrem entre homens. O CDC informou que o número de óbitos pode estar subestimado. Em geral, aproximadamente um em cada sete casos de TTS foi fatal.

Sara Oliver, cientista do CDC, disse a um comitê de especialistas independentes que há várias opções disponíveis para eles, inclusive votar para recomendar contra o uso da vacina completamente.

Mas o comitê de especialistas acordou que a vacina da Johnson & Johnson deve permanecer disponível para as pessoas que por qualquer motivo se recusem a se imunizar com as vacinas de mRNA da Pfizer e da Moderna, apesar de sua maior eficácia e riscos menores.

Além disso, também consideram que fazer uma recomendação contra a vacina da Johnson & Johnson por completo enviaria um sinal negativo a outras partes do mundo, onde pode ser a única opção disponível. 

"A vacina contra a Covid-19 da Johnson & Johnson é uma ferramenta que salva vidas de pessoas em populações de alto risco", argumentou Penny Heaton, chefe de imunizantes da J&J da área de terapêutica global.