Walter chega ao Santa buscando recomeço e diz que deseja reencontrar o pai, desaparecido desde 2018
Atacante foi apresentado oficialmente nesta sexta-feira (17), na loja oficial do clube, no Arruda
Disposto, pronto para recomeçar e querendo vencer. Com esse espírito, o atacante Walter foi apresentado na manhã desta sexta-feira (17), pelo Santa Cruz, na loja oficial do clube, no Arruda. O novo centroavante tricolor não hesitou em falar sobre os problemas com peso, busca por títulos e relação com o pai, desaparecido desde 2018.
Entre os motivos de Walter para aceitar a proposta do Santa Cruz, está a possibilidade de encontrar o seu pai. Amaro Ferreira, de 65 anos, que não vê há três anos.
"Como vocês sabem, meu pai está sumido faz quatro anos e quem sabe aqui, no Santa Cruz, a gente consiga achar ele, vivo ou morto. Eu sinto que ele está vivo ainda, penso que Deus me colocou aqui não à toa".
A chegada de Walter gerou uma expectativa alta da direção do Santa. O CEO do Santa Cruz, Abdias Venceslau, frisou que este pode ser o início de uma nova era de um goleador no clube.
"A expectativa é que estejamos criando uma nova era de goleador no Santa Cruz, a 'era Walter'. O Santa Cruz está muito feliz com a chegada dele. A gente crê que é o primeiro presente para 2022", disse.
Primeiro contato com o Santa Cruz
Walter lembrou que o Santa Cruz foi quem deu a primeira oportunidade no futebol, aos 13 anos, quando foi descoberto em uma peneira no Coque. "Com 13 anos, o Santa foi fazer uma peneira no Coque e ganhei a primeira chance de jogar. Hoje, o clube me abriu as portas mais uma vez. Por isso que quando veio o convite do Santa Cruz, eu fiquei muito feliz. Joguei em 12 times e aqui foi o primeiro que me acalmou, não tive dúvida, disse 'eu quero ir, sei que vai dar certo'".
Recomeço e esperança
Walter trata a chegada ao Santa Cruz como um recomeço. Desde o período onde esteve sem jogar, devido à punição por doping, não conseguiu se firmar em nenhum clube. No entanto, o novo centroavante tricolor acredita em uma “fama” do Santa em recuperar jogadores, mas também destaca a “oportunidade gigante”, a qual quer “agarrar com as duas mãos”.
"É um recomeço para mim. Já são três anos de altos e baixos. Mas o Santa Cruz já tem uma fama de que quando o jogador está meio para baixo, o clube levanta o jogador. Aqui é time grande, é uma oportunidade gigante que vou agarrar com as duas mãos. Voltar para casa e voltar para uma grande equipe é muito bom. Tive outras possibilidades, mas meu coração pediu tanto para vir para cá. Há dois dias treinando com o grupo, já estou me sentindo em casa. Sou um cara de grupo, brincalhão e gosto de vencer. Venho para cá para vencer. Esse ano de 2022 vai ser diferente”, complementou.
Condicionamento físico e problemas com a balança
Perguntado sobre o condicionamento físico, Walter abriu o jogo e não titubeou ao falar sobre seu problema com o peso. O novo atacante tricolor disse que vai “fazer de tudo”, afirmando novamente que a chegada ao Santa Cruz é uma “oportunidade gigante”.
"Lógico que ainda não estou 100%. No Botafogo, não passamos de fase e fiquei quarenta dias treinando, sem jogar. Aqui, já estou há dois dias e, graças a Deus, estou treinando bem. O professor tem um ritmo bom, que eu gosto, estou acostumado com a estrutura de time grande, que tem aqui. Penso que vai dar uma coisa boa e eu quero muito. Quero que vocês falem que o Walter está mal, mas não mal no peso. Vou fazer de tudo, nunca neguei para ninguém meu problema de peso. Mas vou dar minha vida aqui, porque é uma oportunidade gigante que não posso perder. É como falo, cavalo branco só passa uma vez, eu tenho que montar nele".
Adaptação e objetivos
Para Walter, um fator importante para se manter no clube é se sentir bem onde está. O atacante afirmou que está sendo bem tratado e disse que onde isso aconteceu, ele foi bem no clube, citando o Athletico-PR, clube que defendeu por três oportunidades (2015, 2016 e 2021).
O atacante também destacou os objetivos do clube no ano, que são buscar o título do estadual e o principal, o acesso para a Série C.
"Quando eu chego em um lugar e me sinto bem, as coisas acontecem. Muita gente ficou brava comigo quando eu fiquei 25 dias no Vitória, porque eu não tava feliz, cheguei para o presidente e pedi para sair e disse que não precisava pagar nada. No Athletico fui bem tratado e as coisas aconteceram. Isso está acontecendo aqui comigo. Mas o mais importante é que eu quero, é uma chance de ouro para mim, para voltar a fazer gol. O Santa Cruz é grande e ele crescendo ainda mais, o Walter cresce junto. Vamos lutar para ser campeão pernambucano, mas o foco é puxar o clube para a Série C".
Contato com Leston Júnior e elenco
Com apenas dois dias no Santa Cruz, Walter ainda vive os trabalhos iniciais e revelou ter conversado pouco ainda com o treinador Leston Júnior, mas disse ter gostado do que tem visto e acredita que o grupo está entendendo a forma de jogar que vem sendo implementada pelo técnico.
"Leston é um cara gente boa, não conhecia direito ainda, é diferenciado. O mais importante é que o time está entendendo o trabalho dele, o grupo está entendendo o modo de jogar, penso que isso é muito bom. Mas vamos conversar, eu gosto disso", contou.
O atacante também comentou sobre a média baixa de idade do elenco, composto em sua maioria por jogadores da base. Walter falou sobre a importância de passar a sua experiência para os jogadores mais jovens.
"Estava vendo a média de idade que é muito baixa, então vão precisar de mim e de outros companheiros mais experientes, para passar para os mais jovens. Um dia fui menino e sei como é e o quanto precisa de que o mais experiente cobre, dê moral".
Doping
Walter foi pego no exame antidoping em julho de 2019, quando defendia o CSA. Nos exames, foram identificadas substâncias que são encontradas em remédios para emagrecimento. Por conta disso, o atacante pegou uma suspensão de um ano. Em sua apresentação nesta sexta, disse ter vivido um dos piores momentos da sua vida, mas que o ocorrido serviu para refletir sobre os verdadeiros amigos e a importância da família.
"No doping foi um dos piores momentos da minha vida, mas foi um dos melhores também. Porque eu vi as pessoas que estavam perto de mim. Quando você está num momento bom, sempre tem muitos amigos, mas quando você está mal, os amigos somem. Aí eu vi quem era amigo de verdade, vi quem estava perto, que era minha esposa, minha mãe. Isso foi uma experiência que aprendi, me deu controle em tudo. Fiquei dois anos sem receber um real e vi que é difícil e você precisa ter controle, no que você tem que gastar, no que pode gastar, antes eu não pensava assim".
Reencontro com a torcida
Perguntado sobre a torcida do Santa Cruz, Walter destacou que não joga diante de torcida no estádio há três anos e meio e revelou estar nervoso para reencontrar os torcedores, agora no Arruda.
"A torcida do Santa Cruz é incrível. Para mim vai ser mais especial ainda, porque meu último jogo com torcida foi em 2018, porque parei por quase dois anos e quando eu voltei, já estava sem torcida. É um recomeço para me acostumar com a torcida. Graças a Deus, onde passei, fui bem recebido pela torcida. Os torcedores do Athletico, do Fluminense, do Goiás, todos me amam, são times grandes e aqui também. Gosto de jogar com a torcida e não vejo a hora de jogar, porque faz três anos e meio, penso que a perninha vai tremer e a barriga vai mexer".