Livros lançados pelo Sesc registram parte da história do teatro em Pernambuco
Selo editorial do Sesc Pernambuco promove, com apoio da Cepe, dois lançamentos de livros com foco na história do teatro de Pernambuco, da capital ao interior
Dois registros históricos sobre parte significativa do teatro pernambucano serão lançados juntos, nesta segunda-feira (20), pelo selo editorial do Sesc Pernambuco, com apoio da Companhie Editora de Pernambuco (Cepe). "O Teatro no Recife da Década de 1930: outros significados à sua história", de Leidson Ferraz, e "Grupo de Teatro do Sesc Caruaru – Fazendo e Aprendendo", organizado por Severino Florêncio, Moisés Gonçalves, Josinaldo Venâncio e Maylson Ricardo. O lançamento será a partir das 19h, no hall do SESC Santo Amaro, no Recife, com show da cantora Andréia Luiza.
O livro do jornalista, crítico e pesquisador Leidson Ferraz teve lançamento atrasado em razão da pandemia. Por coincidência, na nova data proposta também já estava programado o livro sobre os 40 anos do Teatro do Sesc Caruaru. Então, o selo decidiu lançá-los juntos, pois ambos enriquecem e preservam o acervo das artes cênicas no Estado. "O Sesc está dando atenção, com essas publicações, tanto ao teatro da capital, porque meu livro fala sobre o Recife na década de 30 e o outro livro sobre o Teatro do Sesc Caruaru", aponta Leidson.
O teatro no Recife dos anos 30
Após concluir o mestrado em História na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), em 2018, Leidson Ferraz decidiu transformar em livro sua pesquisa "O Teatro no Recife da Década de 1930: outros significados à sua história", que teve coordenação do professor Flávio Weinstein Teixeira. A publicação ganhou algumas alterações e a diagramação de Claudio Lira.
Na pesquisa, Leidson se aprofundou sobre um recorte pouco documentado da história do teatro em Pernambuco, os anos de 1930. "Lendo os livros da história do teatro brasileiro, aqueles livros canônicos indicados nas universidades que são grandes referências, há um descrédito muito grande com o teatro anterior à modernidade. Então, a cena moderna brasileira começa na década de 1940. Tudo que vem depois, pela historiografia oficial é considerado um teatro velho, menor, um teatro depreciado", comenta o autor.
O livro reúne imagens raríssimas e mapeia peças e ações realizadas por grupos e artistas independentes nos teatros do centro da capital pernambucana, sem esquecer da produção do subúrbio ou "arrabaldes”. Segundo Leidson, sua pesquisa detalha características bem específicas daquele fazer teatral. "Era um momento em que principalmente comédias, burletas e operetas davam o tom de graça nos palcos", explica.
Pesquisa e garimpo em acervos
Para documentar esse período da história do teatro em pernambuco, Leidson se debruçou especialmente sobre vestígios publicados nos jornais, mas também em documentos achados por acervos particulares ou públicos, em um trabalho que logo apresentou enorme dificuldade em acessar os acervos, sobretudo os particulares.
"Ainda há muita dificuldade porque muito material é perdido. Algumas famílias jogam fora, queimam. Então é um garimpo. A gente vai de pouquinho em pouquinho descobrindo. Por exemplo, o regimento do grupo gente NJossa, o estatuto eu só consegui através do filho de um cenófrafo falecido do Teatro de Santa Isabel.
Quando eu achei eu quase enlouqueci, mas tive muita dificuldade que esse filho tinha guardado esse registro", relata citando o Centro de Formação e Pesquisa das Artes Cênicas Apolo Hermilo e o acervo do
Teatro de Santa Isabel como fontes importantes de material histórico.
"Consegui muitas preciosidades, principalmente fotos, muitas imagens raras de artistas que vieram para cá. Foi um trabalho enorme, mas essas é nossa função enquanto historiador, é cavucar esses vestígios, esses rastros".
A história do Teatro do Sesc Caruaru
São 40 anos de trajetória que viraram livro "Grupo de Teatro do Sesc Caruaru – Fazendo e Aprendendo, organizado por Severino Florêncio, Moisés Gonçalves, Josinaldo Venâncio e Maylson Ricardo, todos profissionais da equipe de Cultura daquela unidade. A obra percorre uma trajetória iniciada em 1980, quando o ator, diretor e professor teatral Severino Florêncio iniciou seus trabalhos no SESC Caruaru e formatou o grupo. O livro também apresenta detalhes do primeiro espetáculo, a criação coletiva Fuga de Lampião, além de relembrar momentos importantes de como o coletivo se tornou uma escola de formação de artistas e técnicos de grande impacto para a cena teatral em Caruaru e na região.
“Ao tomar a iniciativa de escrever esta história e de aqui publicá-la, Severino Florêncio e Moisés Gonçalves, diretores do conjunto, amplificam as experiências e vivências da trupe, disseminam parte relevante dos saberes construídos e dão amplitude para as novas gerações entenderem a força e o papel significativo que o teatro teve e tem para uma cidade da dimensão de Caruaru”, diz José Manoel Sobrinho, diretor teatral e gestor cultural com experiências no SESC e em órgãos públicos da Cultura.
Serviço
Selo editorial do Sesc Pernambuco promove lançamento de livros sobre o teatro em Pernambuco
Quando? Segunda-feira (20), a partir das 19h.
Onde? Hall do SESC Santo Amaro, no Recife. (Rua Treze de Maio, 455, Santo Amaro).
Preço do livro: R$ 40 (quarenta reais) nas unidades do Sesc