Cinema

'Matrix Resurrections' reverencia o passado da franquia, sem perder a originalidade

Novo filme, que estreia nesta quarta-feira (22), retoma o universo da franquia iniciada em 1999

"Matrix Ressurections" - Divulgação/Warner

Lançada em 1999, a saga “Matrix” revolucionou o cinema e também a forma como percebemos a realidade, a partir da união de efeitos especiais, ficção científica e existencialismo. Retomar um clássico com essas proporções é, portanto, uma missão arriscada e, ao mesmo tempo, inevitável - sobretudo, neste momento em que reciclar histórias antigas é uma obsessão para a indústria hollywoodiana.  

Lana Wachowski resolveu assumir o ônus e o bônus da empreitada, levando adiante uma ideia que surgiu após a morte dos pais. Desta vez, a diretora não contou com a colaboração da irmã, Lilly, que preferiu ficar de fora do comando de “Matrix Resurrections”, quarto filme da franquia, que chega nesta quarta-feira (22) aos cinemas brasileiros, mais de duas décadas após a trama futurista ter iniciado sua trajetórias nas telas.

Detalhes sobre o enredo ficaram em segredo até agora. Manter parte desse mistério é importante para que a experiência de assistir ao longa-metragem seja completa, mas alguns aspectos da trama podem ser revelados. A história mostra Neo (Keanu Reeves) de volta à Matrix, preso a uma falsa realidade. Ele vive como um designer de games de sucesso e tem as memórias distorcidas graças às pílulas azuis receitadas por seu psicanalista.

Com o novo despertar do protagonista, o filme revela o que aconteceu após o final de “Matrix Revolutions” (2003), levando o público a descobrir, por exemplo, o desfecho do conflito entre humanos e máquinas. Trinity (Carrie-Anne Moss) também está de volta e, desta vez, com ainda mais destaque do que nos três longas anteriores. Assim como Neo, ela também é refém dessa nova configuração da Matrix, onde acaba esbarrando frequentemente com o parceiro, mas sem lembrar quem ele é de verdade. O sentimento que um nutre pelo outro, no entanto, se revela imutável e capaz de gerar abalos no sistema. A opção por conduzir o roteiro como uma história de amor leva o longa para um lugar mais intimista e emocional.

Além de Reeves e Moss, a única atriz a repetir seu papel no novo Matrix é Jada Pinkett Smith, que vive uma envelhecida Niobe, general da Cidade das Máquinas. Morpheus e Agente Smith também estão de volta à trama, mas interpretados agora por outros atores: Yahya Abdul-Mateen II e Jonathan Groff, respectivamente. As adições de alguns novos personagens, como Sati (Priyanka Chopra Jonas) e Bugs (Jessica Henwick), são novidades bem-vindas. Por outro lado, a participação do ator Neil Patrick Harris fica presa a uma performance de vilão caricato.

Os fãs do universo criado pelas irmãs Wachowski podem esperar por muita autorreferência e uma dose de metalinguagem. Na realidade simulada, Neo é pressionado a desenvolver a continuação de sua trilogia de jogos digitais. Para convencê-lo, seu sócio argumenta que a Warner Bros. (estúdio que produz a franquia) tocaria o projeto mesmo sem ele. Embora não descarte o tom de homenagem - inclusive, com rápidas inserções de trechos dos longas anteriores -, a sequência não fica presa à nostalgia. Do roteiro aos efeitos visuais rebuscados, “Matrix” prova que é possível reverenciar o passado com originalidade, sem deixar de olhar para o futuro.