Pandemia

Milhões de confinados na China; casos da variante ômicron aumentam no mundo

Apenas uma pessoa por casa está autorizada a sair para fazer compras a cada dois dias e todas as empresas consideradas "não essenciais" suspenderam as atividades

O país asiático, com 1,4 bilhão de habitantes, registra dezenas de casos diários, muito abaixo dos balanços de outros países - STR / AFP

Os 13 milhões de habitantes da cidade chinesa de Xi'an iniciaram nesta quinta-feira (23) um confinamento rígido devido a um pequeno foco de Covid-19 a pouco mais de um mês dos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim-2022, enquanto vários países observam um rápido aumento de casos pela variante ômicron, o que provocou novas restrições na Europa.
 

Apesar de registrar apenas dezenas de casos por dia, muito longe dos 100 mil do Reino Unido ou 60 mil da Espanha, a China aposta em uma estratégia de erradicação do vírus, especialmente a um mês e meio do início dos Jogos Olímpicos de Inverno em sua capital.

Após a detecção de pouco mais de 100 casos em Xi'an, cidade conhecida pelos famosos "Guerreiros de Terracota", os 13 milhões de habitantes da localidade devem permanecer em casa a partir desta quinta-feira (23) "exceto por motivo imperativo".

Apenas uma pessoa por casa está autorizada a sair para fazer compras a cada dois dias e todas as empresas consideradas "não essenciais" suspenderam as atividades.

A abordagem de extrema precaução permitiu ao país asiático, onde o vírus foi detectado pela primeira vez há dois anos, manter o número de pessoas infectadas com a Covid-19 em pouco mais de 100 mil.

Os Jogos Olímpicos de Inverno em Pequim acontecerão com as medidas mais restritivas para um evento esportivo desde o início da pandemia: sem a presença de torcedores que moram em outros países e com todos os participantes dentro de uma "bolha" sanitária, que incluirá testes anticovid diários.

"Ferramenta eficaz" 

O Reino Unido superou este número em apenas um dia, com um recorde de 106 mil contágios na quarta-feira. A Espanha também registrou um recorde de infecções diárias, com mais de 60 mil casos, quase metade com a variante ômicron.

Diante dessa situação, o governo da Espanha, que tem uma das populações com maior taxa de vacinação da Europa, vai aprovar nesta quinta-feira o retorno da obrigatoriedade do uso de máscara ao ar livre, medida que foi suspensa há seis meses.

"A máscara demonstrou nos últimos meses ser uma ferramenta eficaz na prevenção", afirmou o primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez, antes de destacar que esta é uma medida "temporária" que será retirada "o mais rápido possível".

"A ômicron está se tornando, ou já se tornou, dominante em vários países, incluindo Dinamarca, Portugal e Reino Unido, onde os números dobram a cada dia e meio a três dias, com taxas de transmissão inéditas", afirmou o doutor Hans Kluge, diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS) para a Europa.

Com a multiplicação de casos, os governos retomam as restrições e tentam acelerar a vacinação com as doses de reforço, assim como a imunização das crianças de 5 a 11 anos.

Menos grave, porém mais infecciosa 

O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, alertou contra a ilusão de que a administração de doses de reforço seria suficiente para acabar com a pandemia de Covid-19.

"Isso poderia até prolongar a pandemia ao invés de acabar com ela, ao desviar as doses disponíveis para países com altas taxas de vacinação, dando ao vírus mais possibilidades de se propagar e sofrer mutações", analisou.

O caráter altamente infeccioso da nova variante pode neutralizar sua aparente menor gravidade, observada em um primeiro momento na África do Sul e agora reforçada por dois estudos britânicos, desenvolvidos na Escócia e Inglaterra.

Os estudos mostraram que as infecções com a variante ômicron de Covid-19 têm menos probabilidade de resultar em hospitalização em comparação com a variante delta.

O estudo escocês indica que o risco de hospitalização com ômicron é dois terços menos. O estudo inglês aponta uma redução de 40-45% das internações de uma noite ou mais.

"Embora a redução do risco de hospitalização com a ômicron seja reconfortante, o risco de infecção continua extremamente alto", afirmou Azra Ghani, do Imperial College de Londres, coautor do estudo inglês.

Apesar de sua aparente menor gravidade, a rápida propagação pode aumentar a base de pessoas infectadas, o que faria com que, em números absolutos, as hospitalizações e mortes com a ômicron fossem iguais ou maiores que com a variante delta.

O laboratório farmacêutico AstraZeneca afirmou nesta quinta-feira (23) que uma terceira dose de sua vacina contra a Covid-19 aumenta "significativamente" o nível de anticorpos contra a variante ômicron, de acordo com um estudo clínico.

100 milhões casos nas Américas 

A nova variante foi detectada em 18 países e territórios das Américas, informou na quarta-feira a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), ao anunciar que o continente superou 100 milhões de casos de Covid-19 desde o início da pandemia.

De acordo com os dados mais recentes da organização, na última semana houve diminuição das infecções em partes da América Central e do Sul, mas foi constatado aumento no Caribe.

Nos Estados Unidos, onde a ômicron representa 73% dos novos contágios, a cerimônia do Oscar honorário, prevista para janeiro, foi adiada, mas a data da cerimônia principal permanece 27 de março de 2022.

A agência reguladora de medicamentos do país aprovou na quarta-feira (22) a pílula contra a Covid-19 da Pfizer que, segundo o laboratório, reduz o risco de hospitalizações e morte de pessoas em risco em 88%.

O mundo registrou 5,37 milhões de mortes e mais de 276 milhões de casos de Covid-19 desde o fim de 2019, segundo um balanço estabelecido pela AFP com base em dados oficiais dos países.