Carlos Filho, pós The Voice: primeiro disco, televisão e série devem integrar carreira
Pernambucano, desclassificado do reality por causa de uma gripe, além de instrumentista e compositor, assume também sua função como cantor após programa
“Arrepare não”, mas não são muitos os artistas que se deixam tomar pelo atravessamento da arte com a vida, e vice-versa. O compositor pernambucano, instrumentista e 'agora cantor’, Carlos Filho é um desses poucos sujeitos entregues à peleja de não desprender uma coisa da outra.
“Não separo a arte da vida. Não é uma profissão, mas uma função, é meu lugar e a forma que encontrei para me expressar”, reforçou ele, em conversa com a Folha de Pernambuco, dias depois de sair da 10ª edição do "The Voice" (Globo) após ter contado e (en)cantado a partir da música de Ednardo ("Enquanto Engomo a Calça", 1979), em uma ‘história bem curtinha’ mas que para ele, por um bom tempo, não foi assim tão fácil de contar.
“(...) Nunca me entendi como cantor, apesar de sempre ter cantado. Ano passado com o isolamento, as horas do dia em que eu tinha um pouco de paz, eram as horas que eu cantava”, foi o que ele confessou diante das cadeiras viradas após apresentação que o levou à etapa seguinte do reality - destino que ele seguiu após um convite da produção da TV Globo.
“Foi por email e achei que era um engano. Aceitei no dia seguinte e encarei como uma sequência de minha própria terapia, e dei vazão ao que eu relutava em aceitar, de que eu era um cantor”.
Motivo surpreeendeu
E de etapa em etapa ele seguiu em cantoria, entrelaçado a um chinelo de couro e à poesia que aveludava o repertório. Foi assim até a semifinal da competição, fase em que foi desclassificado horas antes de entrar no palco, onde entoaria “Chorando e Cantando” (Geraldo Azevedo).
Um exame positivo para gripe culminou em sua saída, anunciada no início do programa. “Fui surpreendido, mas fiquei calmo. A Covid-19 era cláusula do contrato e poderia nos tirar do programa, mas a gripe...”, lamentou.
Mas “(...) cantar parece com não morrer”, ao menos para quem tem vida e arte pontuadas por razões e emoções há pelo menos uma década, quando deixou o ambiente de profissional do Direito para ocupar espaços no universo cultural com a Bandavoou, ao lado de PC Silva, e depois com o projeto Estesia, no qual segue até os dias atuais experimentando com guitarras, sintetizadores e iluminações, tecnologia em meio a elementos de música e teatro.
Gratidão e amadurecimento
E neste 2021, de sua cadernetinha de primeiro de janeiro, aberta com “O que virá este ano e o que ele trará para mim”?, Carlos Filho é só gratidão, por ter tido “trabalhos incríveis”, colocando o "The Voice" como o principal deles.
“Ainda não tive noção das coisas, da repercussão, mas olhando para trás é o que eu vou levar”, ressaltou, complementando que a maior soma que teve com o programa foi a construção de um ambiente em que se expôs (como cantor). “Criamos cascas para conviver com as pessoas, e isso faz a gente não ser a gente mesmo”, refletiu. Um “voar manero” que foi ninguém que ensinou a ele.
Futuro como cantor, comunicador...
“Ano que vem sai meu disco, um álbum autoral em um espetáculo novo”, resume Carlos Filho, focado na carreira solo. E em meio a um futuro (in)certo, um outro lugar “bem possível”, segundo ele, é o de comunicador em uma emissora de TV, além de produções para a internet.
Essa parte, aliás, veio com o ‘start’ no próprio The Voice da série idealizada por ele, “Que Voz é Essa”, com o primeiro episódio no ar em seu canal no YouTube com a participante do programa EuLá. “Quis pesquisar sobre o que cada voz carrega como história, porque cada uma delas ali vai além do cantar, ultrapassa o palco”. Amanhã o segundo EP dá sequência ao projeto que pode ganhar novos rumos. “É possível que a série seja estendida.”
Podcast Folha Cultural, da Rádio Folha
Em visita à redação da Folha de Pernambuco, Carlos Filho também participou de um bate-papo com a radialista Patrícia Breda, reproduzido abaico no Podcast Folha Cultural. Ouça: