Bahia

Chuvas na Bahia já deixam 20 cidades alagadas, mais de 15 mil pessoas fora de suas casas e 17 mortos

Com a crise acentuada, nesse sábado (25) uma força-tarefa dos governos estadual e federal foi montada em busca de reforço de efetivo

Enchentes no Sul da Bahia causam mortes e deixam milhares de desabrigados - Reprodução/Twitter

A destruição causada pela chuva em várias cidades da Bahia parece só aumentar. Na medida em que os temporais não dão trégua há um mês, cidades ficam debaixo d'água e famílias inteiras acabam desabrigadas, restando-lhes apenas a roupa do corpo. Com a crise acentuada, nesse sábado (25) uma força-tarefa dos governos estadual e federal foi montada em busca de reforço de efetivo, sobretudo de Corpo de Bombeiros, e outros estados foram acionados. Em comunicado, o governador Rui Costa fala em pelo menos 20 cidades submersas. A situação é mais crítica nas regiões Sul e Sudoeste.

"Temos 20 cidades com várias comunidades embaixo d'água. Por isso, estamos mobilizando todas as nossas forças. Montamos uma base de apoio em Ilhéus e estamos deslocando reforço de pessoal dos bombeiros, polícia, Defesa Civil", disse o governador. "Estamos mobilizando todos os esforços para socorrer as pessoas atingidas pela água. Nesse momento, o esforço é para retirar todas as pessoas de área de risco, de casas que eventualmente correm risco de desabar e prestar essa assistência inicial, restabelecendo ligação de água, energia, e garantir apoio com cestas básicas".

O estado da Bahia sofre com os efeitos das fortes chuvas desde o fim de novembro, cenário que só se agravou com a chegada do verão. São 66 cidades em situação de emergência, pelo menos 20 completamente alagadas e, desde o início dos temporais, há registro de 17 mortes, de acordo com a Defesa Civil estadual, e 286 feridos com as enchentes. Ainda segundo o último balanço da pasta, até agora são 4.185 pessoas desabrigadas e 11.260 desalojadas — ou seja, precisaram deixar suas casas, mas não requisitaram abrigo. A estimativa é de que uma população de 378 mil pessoas já tenha sido afetada. O superintendente da pasta, Coronel Miguel Filho, admite que os números mudam a todo momento.
 

Além da base que já estava montada em Itamaraju, no extremo Sul baiano, agora foi instalada também uma base de operações em Ilhéus, onde estão deslocadas equipes do corpo de Bombeiros, Defesa Civil e da Polícia Rodoviária Federal, que cedeu agentes e aeronaves à operação. Além disso, após uma série de reuniões neste sábado, Rui Costa afirmou que receberá apoio logístico e de efetivo de pelo menos quatro estados: Maranhão, Rio Grande do Norte, Minas Gerais e Espírito Santo. Além disso, o governo estadual convocou o Conselho Nacional de Corpos de Bombeiros Militares do Brasil (Ligabom), instituição que reúne bombeiros de todo o país, para auxiliar nas tomadas de decisão.

Nesse sábado (25), Rui Costa se reuniu com representantes do governo federal, e garantiu apoio também com combustíveis e aeronaves para auxiliar em resgates. Curiosamente, um dos presentes era o ministro Marcelo Queiroga, que está hospitalizado desde a noite do dia 24, quando sofreu um acidente de moto no Rio de Janeiro. Ele participou da videoconferência com a câmera desligada.

Além disso, o governador da Bahia também revelou que entrou em contato com vários estados em busca de ajuda e, num primeiro momento, já recebeu aceno positivo por parte de Espírito Santo, Minas Gerais, Maranhão e Rio Grande do Norte, que devem contribuir com bombeiros e equipamentos.

Neste domingo (26), o governador Rui Costa e o ministro da Cidadania, João Roma Netto, visitam áreas afetadas. Há expectativa de que novas ações sejam anunciadas. "Sabemos que existem posições políticas distintas, mas a população pede socorro e quem pede socorro não quer saber de onde vem ajuda", escreveu o ministro.

Além do estrago relativo à destruição de casas, estradas e pontes, há preocupação ainda em relação às barragens. Uma série de vistorias técnicas têm sido realizadas em diversas cidades para verifica o estado destas represas após os temporais. Em Itambé, houve o rompimento de uma barragem e pessoas precisaram deixar suas casas às pressas. Uma outra — essa de menor porte, conhecida como barra Beija-Flor — também rompeu na divisa de Anagé com Vitória da Conquista, mas a água correu para o Rio de Contas e não causou danos significativos, de acordo com o governo. A Secretaria do Meio Ambiente (Sema), que realiza as inspeções junto ao Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) afirma ainda que algumas barragens foram orientadas a realizar "intervenções" para "amenizar futuras complicações", mas não foram revelados maiores detalhes.

Além de todos os problemas, a previsão de chuva continua pelo menos para os próximos 7 dias, podendo ser forte, o que preocupa ainda mais. Enquanto isso, campanhas são criadas por moradores para ajudar aqueles que perderam suas casas, que precisam da doação de comida, roupas e objetos pessoais.