Novela

'Um Lugar ao Sol': Pathy Dejesus encara primeiro papel de destaque no horário nobre

Interpretando um papel que vá além das questões raciais ou estereótipos, atroz estava afastada das novelas desde 2015

A atriz Pathy Dejesus - Divulgação

Pathy Dejesus tem plena noção da importância e da repercussão do horário das nove na grade da Globo. Não à toa, a atriz de 44 anos se surpreendeu ao receber uma chamada do diretor Maurício Farias, que está à frente dos trabalhos de “Um Lugar ao Sol”, primeira novela do horário nobre da Globo totalmente inédita desde o início da pandemia. Para Pathy, o convite para viver a ambiciosa Ruth veio carregado de significados importantes para sua trajetória. “Claro que bate uma certa responsabilidade. Sem dúvidas. Estou ao lado de uma galera craque. A parceria com o Daniel (Dantas) é incrível. Fora o elenco feminino, que é maravilhoso. Quando meu telefone tocou pela primeira vez, fiquei chocada com o convite. Mas pensei: ‘Se o Maurício está me convidado, é porque ele confia que tenho coisa boa para mostrar”, afirma.

Na história escrita por Licia Manzo, Ruth é amante de Túlio, papel de Daniel Dantas. Além da parceria amorosa, eles também são cúmplices nos desvios de dinheiro da Redentor, rede de supermercados do sogro de Túlio, Santiago, de José de Abreu. “É uma personagem muito interessante e ambiciosa. Então, tive pequenas oportunidades de conversar com a Licia um pouco sobre o projeto. Foram conversas rápidas, mas muito intensa. Isso me amparou demais ao longo do processo de gravação. Foi muito bom trabalhar com uma equipe tão solícita e competente”, valoriza.

A personagem, porém, não se limita aos atos de vilania para Pathy. De folga das novelas desde 2015, a atriz confessa que ainda há um longo caminho sobre representatividade na tevê. No entanto, celebra a chance de interpretar um papel que vá além das questões raciais ou estereótipos. “A Ruth poderia ser qualquer mulher no sentido racial. Ela poderia ser branca, negra, amarela ou até azul. Sou muito grata ao Maurício e à Licia por pensarem em mim para fazer a Ruth e justamente pela personagem não ter sido escrita para uma atriz negra. Geralmente vem escrito: fulana, tantos anos, negra... A gente quer fugir disso. Estou muito feliz de ocupar esse lugar não estereotipado na novela”, ressalta Pathy, que torce por uma mudança no mercado audiovisual. “Vamos ter essa evolução quando tivermos mais cabeças pensantes nesse sentido. Não quero falar só de escravidão. Sou herdeira de reis e rainhas. Quero ser fútil, quero ser rica, andar de carrão, ser mau-caráter e ter outras narrativas para contar”, aponta.

O retorno ao trabalho com “Um Lugar ao Sol” também marcou uma série de recomeços para Pathy. Além de voltar aos estúdios após um período de isolamento social em virtude da pandemia de Covid-19, Pathy também retornou ao “set” como mãe do pequeno Rakim, de dois anos. “Tivemos todos esses percalços para contornar. Foi uma volta no meio de uma pandemia e eu ainda tinha sido mãe recentemente. Tive de carregar meu bebê de baixo do braço comigo. Foi um ‘plus’ da minha volta”, explica Pathy, que está confiante com o resultado do trabalho final da novela. “Tenho muita fé no trabalho que todos nós produzimos juntos em equipe. Acredito que fiz um bom trabalho dentro do possível. Dei o que tinha com todo amor, afeto e responsabilidade”, completa.