Literatura

Antologia 'Poesia para Pandemia' reflete temas atuais

Livro reúne 142 poemas diferentes, organizados por Paulo Sabino

Paulo Sabino organizou a antologia 'Poesia para Pandemia' - Divulgação

Durante o período de isolamento social mais restrito, no início da pandemia de Covid-19, a literatura serviu de refúgio para muitos. O poeta, produtor cultural e curador carioca Paulo Sabino foi um desses que recorreu aos livros para afugentar os medos de um período tão nefasto. Não satisfeito em desfrutar sozinho dessas leituras, resolveu compartilhá-las com o mundo. A atitude resultou na antologia “Poesia para Pandemia”, recentemente lançada pela editora Autografia, que reúne 142 poemas e textos poéticos.

Assim como outras iniciativas que surgiram na pandemia, o livro teve seu pontapé inicial nas redes sociais. “Como toda a minha agenda de trabalho havia caído por terra, criei um projeto chamado ‘40tena em Versos’, que consistia na leitura para o público online de 40 poemas de 40 poetas diferentes, ao longo de 40 dias corridos. Foi tão bem recebido que acabei fazendo quatro edições e, ao final, já eram 160 textos declamados em mais de cinco meses”, contou o produtor, em entrevista à Folha de Pernambuco.

Quando finalizou as transmissões diárias, Paulo já tinha em mente a vontade de reunir os poemas lidos em um livro, motivado também pelos pedidos de quem o acompanhou nas redes sociais. O organizador passou a selecionar o material que entraria na publicação no início de 2021, deixando de fora algumas obras que foram lidas na internet e acrescentando outras. “Eu imaginava que não conseguiria ter a autorização de publicação de todos os 160 poemas usados nas minhas redes sociais. Ao mesmo tempo, muita gente que eu admiro havia ficado de fora antes”, explica.
 

Entre os 142 autores contemplados, há saudosos poetas, como o pernambucano João Cabral de Melo Neto, Augusto dos Anjos, Carlos Drummond de Andrade, Paulo Leminski, Florbela Espanca e Manoel de Barros. Também constam nomes de grandes autores ainda vivos, como Adélia Prado e Mia Couto, além de destaques da música brasileira, como Adriana Calcanhotto, Arnaldo Antunes, Gilberto Gil e Letrux.

“Sou, sobretudo, um leitor de poesia. Todas as leituras feitas para o projeto foram tiradas da minha biblioteca particular e havia material para muito mais. Posso dizer que a poesia me salvou, porque foi o que me ajudou a desanuviar o espírito em um momento de tantas preocupações”, conta. Das obras separadas para o livro, há 16 inéditas, assinadas por autores como Elisa Lucinda, Claudia Roquette-Pinto, Alberto Pucheu e Luana Carvalho.

Embora não estejam divididos por capítulos, os poemas foram ordenados por blocos temáticos. O diálogo estabelecido entre os textos - diversos em estilos, assuntos, épocas e vozes - está no fato de compartilharem indagações, sentimentos e debates que, para Paulo, se conectam de alguma maneira com o período pandêmico.

“Eu queria trazer alguns temas relacionados a tudo o que estamos vivendo nesses últimos anos. Além da pandemia em si, são textos que falam de destruição do meio ambiente, morte, guerras, migrações forçadas e também de amor. O livro começa mais pesado, dando porrada na cara de todo mundo, mas fecha trazendo uma ponta de esperança. O final traz um tom mais conciliatório, mostrando como somos capazes criar coisas lindas e fazer um mundo melhor”, adianta.

Serviço:

Antologia “Poesia para pandemia” (Editora Autografia)
Organizador: Paulo Sabino
604 páginas
R$ 69,90