Caso Beatriz

Governador demite perito criminal que atuou no Caso Beatriz e se posiciona favorável à federalização

Família da criança foi recebida nesta terça-feira (28) pelo governador Paulo Câmara

Pais de Beatriz chegam ao Recife depois de 700 km de caminhada - Arthur Mota/Folha de Pernambuco

O Governo de Pernambuco afirmou, nesta terça-feira (28), ser favorável à federalização do caso da menina Beatriz Angélica, assassinada em 10 de dezembro de 2015 em uma escola no município de Petrolina, no Sertão do Estado.

Lucinha Mota e Sandro Romilton, pais da criança, foram recebidos pelo governador Paulo Câmara, no Palácio do Campo das Princesas, por volta das 16h desta terça.
 
Os pais de Beatriz chegaram ao Recife durante a manhã após uma caminhada que iniciou no último dia 5 e percorreu, durante 23 dias, mais de 700 quilômetros da cidade sertaneja até a capital pernambucana.

 
“Estamos totalmente solidários ao sofrimento da família e somos favoráveis à federalização do caso. Vamos prestar toda a colaboração necessária, ciente que cabe à Procuradoria-Geral da República ou ao Ministério da Justiça avaliar se estão presentes os requisitos legais para a referida federalização", destacou Câmara.

Durante a reunião, o governador também anunciou a demissão do perito criminal Diego Costa, que atuou no caso após prestar consultoria de segurança ao Colégio Nossa Senhora Auxiliadora, onde ocorreu o crime.

“Ele prestou um serviço privado, o que é vedado aos agentes policiais”, destacou o secretário de Defesa Social, Humberto Freire. Segundo o governo, a exoneração será publicada no Diário Oficial do Estado desta quarta-feira (29).

Também participaram da reunião a vice-governadora Luciana Santos; o secretário da Casa Civil, José Neto; o chefe de Polícia Civil, Nehemias Falcão; e a procuradora-geral do Estado em exercício, Giovana Gomes; além de uma comitiva que acompanhava a família.

Reunião ocorreu na sede do Governo do Estado, o Palácio do Campo das Princesas (Foto: Heudes Regis/SEI)

Família celebra passo dado
Após a reunião, a família afirmou que seguirá na busca para que o caso seja investigado por órgãos federais. “Esse documento onde o governador se posiciona a favor da federalização vai, sim, nos ajudar no nosso processo. Beatriz merece um inquérito justo, Beatriz tem direitos fundamentais e nós vamos lutar. Aqui é só o início, eu vou mover montanhas, se necessário for, para Beatriz ter um inquérito e um processo justo e seus assassinos serem punidos”, comentou Lucinha Mota. 

“De certa forma, saímos vitoriosos com a conquista, com o passo dado. Sabemos que Beatriz não vai voltar, mas sabemos que estamos caminhando”, acrescentou o pai.
 
Demissão de perito 
Procurada pela reportagem, a assessoria de comunicação da Associação de Polícia Científica (Apoc-PE) afirmou que a entidade e o perito tomaram conhecimento da decisão nesta tarde, após repercussão na imprensa.

Mais cedo, a instituição, que representa os peritos criminais de Pernambuco, havia emitido um comunicado sobre as investigações do Caso Beatriz, afirmando que acompanha as investigações e defende os interesses da categoria. 
 
“O trabalho realizado pela Polícia Científica contribui para a produção da prova técnica, auxiliando, de modo relevante, a investigação policial. A atuação dos peritos criminais é sempre pautada pela ciência, doutrina criminalística e nos princípios da legalidade, moralidade e eficiência. A Apoc-PE agindo com seriedade e imparcialidade, seguirá na defesa incansável dos interesses dos peritos criminais que estejam sendo vítimas de decisões administrativas desarrazoadas e desproporcionais”, diz o texto. 
  
Investigações continuam
De acordo com o secretário Humberto Freire, o esforço para esclarecer o crime continuará. “Estamos assumindo o compromisso de explorar qualquer linha investigativa porque o nosso compromisso é em elucidar esse crime bárbaro e chegar efetivamente ao culpado e levá-lo ao sistema de justiça”, disse.

O chefe da Polícia Civil de Pernambuco, Nehemias Falcão, também afirmou que a corporação segue empenhada nas investigações. “A gente só vai descansar quando chegar à autoria desse crime”, comentou. 

Perícia de empresa norte-americana 
A família de Beatriz também pleiteava que o Governo de Pernambuco aceitasse a cooperação de uma empresa norte-americana na investigação do caso. Segundo o secretário de Defesa Social, o pedido não foi aceito por não haver previsão legal
 
“Com relação à participação de uma empresa privada americana na investigação, a gente novamente informou que isso não tem respaldo na legislação e informamos sobre a impossibilidade jurídica de colaboração”, comentou Humberto Freire.