Imigração

Amigos de brasileira sequestrada e violentada na fronteira dos EUA com o México pedem repatriação

Jessiane passou dois meses no México antes de tentar a travessia

Jessiane Schneider e o marido - reprodução / Facebook

Sequestrada, amarrada, amordaçada e violentada por coiotes na fronteira do México com os Estados Unidos, a rondoniense Jessiane Gonçalves Schneider, de 24 anos, passou dez dias em coma e agora aguarda para fazer uma cirurgia no rosto. A vítima teve ossos da face fraturados pelas agressões que sofreu enquanto esteve em poder de homens envolvidos com o tráfico de seres humanos. Uma vaquinha online foi criada para ajudar a pagar os custos médicos dela. A comunidade brasileira também tenta conseguir a repatriação da jovem.

— Ela (Jessiane) tinha o sonho da travessia, mas a história dela acabou nessa tragédia. Foram dias difíceis, mas agora estamos mais confiantes e aguardando resposta. Nós acionamos o consulado e pedimos ajuda na repatriação para o Brasil. Juarez é uma cidade perigosa e mantê-la no hospital é um risco, a máfia dos coiotes pode ir atrás dela — disse a empresária Ivania Braga Vasquez, criadora da vaquinha.

Jessiane passou dois meses no México antes de tentar a travessia. Ela deixou a cidade de Buritis, em Rondônia, e ficou esse período em uma casa com outros brasileiros. No entanto, os imigrantes ilegais entram nos Estados Unidos guiados por mexicanos.

— Quando foi a vez dela atravessar ela caiu na mão desses mexicanos, que seguraram, sequestraram e pediram dinheiro. Depois eles ligaram dizendo que iriam entregar para imigração. Nós ficamos nove dias sem contato com ela, até que uma enfermeira fez contato com o Brasil, achou a família dela pelo sobrenome, no Facebook. Foi uma dificuldade porque ela fala espanhol e a família pensou que fosse trote — afirmou Ivania.

A vítima foi encontrada por um fazendeiro na região entre a cidade mexicana de Ciudad Juarez e a americana El Paso, em 5 de dezembro. Desde então, a jovem está hospitalizada.

Jessiane chegou ao hospital com uma corda no pescoço, desacordada e com vários ferimentos. A brasileira ficou dez dias em coma e ainda permanece em estado de confusão mental, sem conseguir dar detalhes sobre o que aconteceu. O marido dela está em Nova Jersey, nos EUA, há três meses.

O caso foi denunciado pela irmã da vítima, Regiane Schneider, em suas redes sociais. A família e amigos criaram uma vaquinha online para arrecadar dinheiro e custear o tratamento de Jessiane. Nesta quinta-feira, a mãe da vítima chegou ao México para acompanhar a filha.

Em nota, o Itamaraty informou que " tem conhecimento do caso e vem prestando assistência à nacional e à sua família, em conformidade com os tratados internacionais vigentes e com a legislação local".

O Ministério das Relações Exteriores acrescentou que não pode dar detalhes do caso "em atendimento ao direito à privacidade e em observância ao disposto na Lei de Acesso à Informação e no decreto 7.724/2012".

Nas redes sociais, a comunidade brasileira tem se mobilizado para ajudar na arrecadação de dinheiro, por meio da vaquinha online.

"Gostaria de pedir aqui a todos que possam contribuir com uma ajuda para essa família desesperada que está sofrendo tanto neste difícil momento, mas ainda existe o sopro de vida", escreveu uma brasileira moradora de Framingham, em Massachusetts.

Até o momento, a campanha contou com a participação de 153 pessoas e arrecadou US$ 12.391 (equivalente a R$ 69 mil), e superou a meta inicial, que era de levantar a quantia de US$ 8 mil (equivalente a R$ 45,5 mil).