Com Bolsonaro internado e férias de ministros, 2022 começa com cúpula do governo longe de Brasília
Além do presidente, Hamilton Mourão e pelo menos oito ministros só devem voltar ao trabalho na próxima semana
O ano de 2022 começou em Brasília com boa parte da cúpula do governo afastada da capital federal. Seja por motivos de saúde ou de férias, a maioria dos integrantes da Esplanada dos Ministérios irá aproveitar o mês de janeiro para descansar antes do início do ano eleitoral. Internado na madrugada de segunda-feira em razão de problemas intestinais, o presidente Jair Bolsonaro está despachando de seu quarto no hospital em São Paulo, enquanto o vice-presidente Hamilton Mourão voltou a Brasília, mas não voltará ao gabinete até o próximo dia 14. Além deles, oito ministros também estão oficialmente de férias, com períodos que variam entre si.
Historicamente, o mês de janeiro costuma ser o mais vazio em Brasília, em razão do recesso no Judiciário e na retomada lenta do Congresso Nacional, sobretudo em ano eleitoral. Por isso, diversos ministros aproveitaram o fim de ano para tirar alguns dias de férias. Ao todo, 14 ministros tiraram dias de folga. Desses, oito ainda estão aproveitando o recesso. As regras para ministros são iguais às dos outros servidores públicos federais: todos têm direito a 30 dias de descanso por ano, que podem ser acumulados por até dois anos. O afastamento dos ministros precisa ser autorizado pelo presidente. Em geral, o secretário-executivo assume o comando da pasta.
Nem todos os ministros, entretanto, viajaram no recesso. Oficialmente, por exemplo, Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos) está de férias. A ministra, entretanto, foi duas vezes à Bahia auxiliar no atendimento à população atingida pelas chuvas que devastaram a região. Outro ministro que atuou diretamente no local, Rogério Marinho, do Desenvolvimento Regional, por outro lado, irá começar suas férias a partir de amanhã. O início do período de descanso do ministro, responsável pela liberação de recursos para a reconstrução das cidades destruídas pelos temporais, foi publicada nesta terça-feira (4) no Diário Oficial da União. A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, também está fora da capital. Entretanto, sua ausência foi para resolver "assuntos particulares".
Atualmente, estão de férias Anderson Torres (Justiça), Fábio Faria (Comunicações), Joaquim Leite (Meio Ambiente), Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia), Paulo Guedes (Economia), Tarcísio Gomes (Infraestrutura) e Wagner Rosário (Controladoria-Geral da União). A partir desta quarta-feira, Rogério Marinho também estará de férias.
Além disso, tanto o presidente quanto o vice-presidente também não estão despachando do Palácio do Planalto. A expectativa inicial era de que Bolsonaro voltasse à capital federal nesta terça-feira (4), mas os planos foram adiados após a internação do presidente na madrugada de segunda. Desde então, o presidente vem despachando de seu quarto em um hospital de São Paulo. Bolsonaro deve voltar nos próximos dias, após receber alta. Enquanto isso, Mourão cumpre um período de descanso. Após passar uma semana na Bahia, na base naval de Aratu, o vice-presidente retornou a Brasília na segunda-feira, mas só deve voltar a despachar em seu gabinete no Palácio do Planalto no próximo dia 14.
Apesar das férias dos ministros e da ausência do presidente e do vice, o governo federal já começou o ano com problemas para resolver. Nesta segunda-feira, por exemplo, uma reunião definiu a suspensão das atividades de cruzeiros no Brasil até o dia 21 de janeiro. A decisão foi tomada após reunião com empresas do setor. Uma recomendação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) também foi publicada nesse sentido. Entre os ministérios que participaram do encontro, estavam o da Casa Civil, Infraestrutura, Saúde, Turismo e Justiça. Longe da capital, os ministros Tarcísio de Freitas e Anderson Torres, acompanharam a decisão de longe.
O Ministério da Agricultura, comandado pela ministra Tereza Cristina, que se afastou por assuntos particulares, também terá que lidar nos próximos dias com a decisão do governo americano de controlar o preço das carnes no país. As medidas deverão atingir produtores e empresas brasileiras, já que o país é um dos maiores exportadores de carne do mundo ao lado da Austrália e do próprio Estados Unidos.