Marília Mendonça

Morte de Marília Mendonça completa dois meses; veja o que se sabe sobre o acidente

Motivo de queda de avião onde estavam cantora e outras quatro pessoas em Caratinga, Minas Gerais, ainda não foi descoberto

Aeronave que transportava cantora e equipe caiu no interior de Minas Gerais - Reprodução

A morte da cantora Marília Mendonça completou dois meses nesta quarta-feira. A causa do acidente aéreo em que morreram outras quatro pessoas em Caratinga, Minas Gerais, ainda não foi descoberta. A Polícia Civil informou que não há prazo para a conclusão das análises feitas pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), que é fundamental para a investigação.

Nos stories do Instagram, Murilo Huff, ex da rainha da sofrência e pai do filho com a sertaneja, usou as  redes sociais para lamentar a ausência de Marília. O cantor compartilhou um vídeo de um dos seus shows, em que aparece cantando a música "De Quem é a Culpa?", da autoria de Marília. Se referindo também a duas outras vítimas do acidente aéreo, o produtor Henrique Bahia e ao tio de Marília, Abicieli Dias, Huff escreveu: "2 meses sem vocês Marília, Henrique e Boy. Vocês estão fazendo falta pra car***", lamentou.

A cantora, de 26 anos, morreu no dia 5 de novembro de 2021 na queda do bimotor Beech Aircraft, que tinha destino o aeródromo de Ubiporanga. Mendonça cumpria a agenda de shows e tinha uma apresentação em Caratinga, naquela noite. Além dela, de Henrique e de Abicieli, morreram também o piloto e copiloto do avião, Geraldo Martins de Medeiros e Tarciso Pessoa Viana, respectivamente.

Investigação

Nesta quarta-feira, a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) informou que continua com as investigações para apurar as causas do acidente. O delegado regional, responsável pelo caso, Ivan Lopes Salles, afirmou que a conclusão depende do resultado das análises que o Cenipa está fazendo nas peças do avião, trabalho que não tem prazo para ser concluído. A polícia mineira investiga se acidente foi causado por falha mecânica ou por erro do piloto.

A Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) informou, por meio de nota, que colabora com as autoridades competentes desde o início das apurações. Segundo a companhia, foram atendidas todas as solicitações, como entrega dos cabos danificados para a perícia e resposta aos pedidos de informação e documentos.

Durante uma coletiva, em novembro do ano passado, Salles descartou a possibilidade de que o piloto e o copiloto do avião tenham tido problemas de saúde ou feito uso de substâncias, o que poderia contribuir para o acidente. A polícia também descartou a hipótese de que a aeronave tenha sido atingida por um tiro.

Neste caso, a polícia investiga eventual crime e o Cenipa apura as circunstâncias para evitar novos acidentes envolvendo a aviação civil e militar no Brasil.

Em nota, o Cenipa informou que o processo de investigação depende da “complexidade” de cada ocorrência e, ainda, da “necessidade de descobrir todos os fatores contribuintes”.

O Ministério Público Federal (MPF) instaurou um procedimento administrativo, que corre sob sigilo, para acompanhar as apurações do caso. O órgão também pediu para ser acionado se constatado algum indício de risco à segurança do tráfego aéreo.

O MPF enviou ofício ao 3º Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa) requisitando o encaminhamento do relatório final do acidente. Somente em posse do documento o órgão vai analisar a necessidade de adoção de novas medidas cabíveis.

A causa da morte de Marília Mendonça, de Henrique Ribeiro, de Abicieli, de Geraldo Martins e de Tarciso foi politraumatismo contuso. Trata-se de múltiplas lesões em órgãos vitais, um indicativo de que as mortes aconteceram instantaneamente após a queda da aeronave, segundo divulgou a Polícia Civil de Minas Gerais.

No painel de estatísticas do Cenipa, o Sistema de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Sipaer), disponível na internet, o acidente com o avião Beechcraft King Air C90 foi categorizado como um CFIT (Controlled Flight Into Terrain) - uma colisão com o solo em voo controlado.

Pela definição, o CFIT é o acidente aeronáutico que ocorre quando uma aeronave, mesmo tendo seus equipamentos e sistemas funcionando bem e estando sob o controle de um piloto, colide com o solo, água ou obstáculo. O documento indica ainda que os dados disponibilizados são preliminares.

Os motores da aeronave foram para São José da Lapa, na Grande BH, onde estão sendo analisados pelo Cenipa. Inicialmente, os motores seriam encaminhados para Sorocaba, em São Paulo, onde passariam por uma perícia na sede da fabricante, enquanto a fuselagem e as asas serão submetidas a análise no Rio de Janeiro. Os destroços da aeronave chegaram à capital fluminense quatro dias depois do acidente, e foram alocados no Terceiro Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa III).

O delegado declarou que aguarda os resultados do Cenipa para, por exemplo, verificar se houve problemas com os motores da aeronave. A avaliação inicial é que o aparelho poderia estar a altitude baixa quando bateu na estrutura da Cemig.

Segundo o Brigadeiro do Ar Marcelo Moreno, que participou do FabCast, podcast da Força Aérea Brasileira (FAB), como a aeronave não tinha caixa-preta, o GPS e os celulares recolhidos no local foram alguns dos elementos fundamentais para o trabalho.

Em Goiânia, além do combustível usado no abastecimento do avião antes da decolagem foram recolhidos o plano de voo e a documentação encontrada no hangar de manutenção da aeronave.

A filha do piloto de avião Geraldo Martins de Medeiros Júnior, Vitória Medeiros, vai processar a Cemig pelo acidente. Segundo o advogado Sérgio Alonso, representante da filha do piloto e especialista em Direito Aeronaútico, a ação está sendo elaborada, com levantamento topográfico do sítio aeroportuário, zona de proteção, levantamento jurisprudencial e legal. Ele pretende entrar com a ação até 10 de março.

A companhia, que chegou a informar que o avião colidiu com um cabo de energia momentos antes de cair nas proximidades de um riacho, ressaltou que a linha de distribuição atingida pela aeronave estava fora da zona de proteção do aeroporto.

A Comissão de Serviços de Infraestrutura (CI) do Senado aprovou, no último dia 30, o projeto batizado de ‘Lei Marília Mendonça’, que obriga a sinalização de torres de energia. O PL 4.009/2021, do senador Telmário Mota (Pros-RR), recebeu parecer favorável da relatora, a senadora Kátia Abreu (PP-TO), e se não houver recurso para votação em Plenário, o texto segue para análise da Câmara dos Deputados.

De acordo com o projeto, devem ser sinalizadas todas as linhas de transmissão, inclusive aquelas sob concessão ou permissão de distribuição de energia elétrica. As torres devem ser pintadas com cores que possibilitem ao piloto de aeronave identificá-las apropriadamente como sinal de advertência.