Pernambuco perde a 'criadora da ciranda' do Janga, Dona Duda da Ciranda
Dona Duda morreu nesta quarta-feira, aos 98 anos, em Paulista, vítima de um câncer
Pernambuco perde a “criadora da ciranda” do Janga, em Paulista, Dona Duda da Ciranda, aos 98 anos. Ela morreu na noite deste quarta-feira, em sua casa, em decorrência de um câncer no pulmão descoberto no último mês de novembro.
De acordo com sua filha, Jaqueline da Paz, após a descoberta da doença, cuidados paliativos foram ministrados para Dona Duda, uma vez que já em metástase, não havia mais possibilidade de tratamento.
O velório e sepultamento da cirandeira será no Cemitério Parque das Flores, adiantou Jaqueline em conversa com a Folha de Pernambuco. Dona Duda também deixou outro filho, José Davi da Paz.
Homenagens em vida
Vitalina Alberta de Souza Paz, nascida em abril de 1923 em Jaboatão dos Guararapes, Região Metropolitana do Recife (RMR), escolheu o nome “Duda” aos 8 anos de idade e foi assim que ficou conhecida desde então.
Ao longo de suas mais de nove décadas de vida, ostentou o título de “Criadora da Ciranda” na Praia do Janga, em Paulista, cidade em que morava.
Acometida por um câncer na garganta, no final da década de 1970, ela deixou de cantar. Em maio de 2021, por iniciativa da Diretoria de Memória, Educação, Cultura e Arte (Dimeca) e da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), foi lançado o documentário “Dona Duda da Ciranda”, recontando histórias e os versos das mais de 200 cirandas compostas por ela.
Coube também à cantora Cylene Araújo, em 2014, lançar uma mini-biografia sobre a cirandeira “Dona Duda: A Primeira Cirandeira do Brasil” – junto ao disco “Ciranda do Amor”, que conta com a participação de nomes como Naná Vasconcelos, Nando Cordel e Petrúcio Amorim.
“Minha mãe morreu triste, porque ela não viu a ciranda ser valorizada. Ela também desejou muito ganhar o título de Patrimônio Vivo de Pernambuco, mas não conseguiu. Nós vamos levar adiante o legado que ela deixou como mãe, guerreira e persistente que era e como cirandeira”, declarou Jaqueline.
Instituições lamentam a perda
A Secretaria Estadual de Cultura (Secult-PE) e a Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe) divulgaram uma nota de pesar em conjunto, lamentando o falecimento. "Dona Duda era uma artista extraordinária e fez, junto com outras mestras e mestres, a ciranda ficar popular nas décadas de 1960 e 1970", apontou o secretário Estadual de Cultura, Gilberto Freyre Neto. "Foi com o pioneirismo dela que a ciranda passou a reconhecida como manifestação cultural digna do título de Patrimônio Imaterial do Brasil", contou o presidente da Fundarpe, Marcelo Canuto.
O presidente da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), relembrou a homenagem realizada pela instituição a uma referência da cultura popular do Estado. “Foi com pesar que recebi a notícia sobre a morte de Dona Duda. No ano passado, tive a honra de homenageá-la. Na Praia do Janga, no município do Paulista, ela consolidou o ritmo, um dos mais emblemáticos de Pernambuco. Tive a honra de receber Dona Duda no gabinete, na Fundaj, para a entrega da placa”, ressaltou.
Em nota de pesar conjunta, o secretário de Turismo e Lazer, Rodrigo Novaes, e o presidente da Empresa Pernambucana de Turismo (Empetur), Antônio Neves Batista, lamentaram a morte de Dona Duda da Ciranda e rememoram a importância da artista para a cultura do Estado. Leia a íntegra:
A Secretaria de Turismo e Lazer e a Empetur lamentam o falecimento de Vitalina Alberta de Souza e Paz, a Dona Duda, uma das grandes incentivadoras da ciranda pernambucana. Ela, que por muitos anos manteve, no Janga, a célebre ciranda de Dona Duda, espaço divulgador e fomentador do gênero no Estado, faleceu nesta quinta-feira aos 98 anos. Nascida em Jaboatão dos Guararapes, Vitalina escolheu para si o nome Duda e a ciranda para contar a sua história. Em 2021, seu legado foi lembrado no documentário. "Dona Duda da Ciranda". Aos familiares, amigos, admiradores e colegas de ciranda, as nossas sinceras condolências.