Mesmo com falta de chips, produção de veículos no Brasil cresceu 11,6% em 2021
Para este ano, Anfavea, entidade que representa as montadoras, prevê crescimento de 9,4%, chegando a 2,4 milhões de unidades
Mesmo enfrentando uma falta global de semicondutores, o Brasil produziu 2,248 milhões de veículos, em 2021, um crescimento de 11,6% em relação a 2020, quando a pandemia provocou paralisações longas nas linhas de produção das fábricas. Em 2019, ano anterior ao início da pandemia, a produção de veículos no país chegou a 2,94 milhões de unidades, enquanto no ano passado o número chegou a 2,014 milhões.
O número, que inclui automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus, foi divulgado nesta sexta-feira pela Anfavea, entidade que representa as montadoras. O presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, afirmou que o número foi bom, considerando o atual cenário de problemas com logística e falta de insumos, e lembra que a produção ficou próxima do número mais otimista projetado pela entidade em setembro, ultrapassando em 29 mil unidades o limite superior estimado.
"É um número bom, mas precisa ser visto com cautela, considerando que o país tem um parque industrial com capacidade para fabricar entre 4,5 milhões e 4,7 milhões de unidades por ano. Temos muito espaço para crescer", disse Moraes.
Com esse total produzido, o Brasil passou do 9º para o 8° lugar como maior fabricante de veículos do mundo.
Já as vendas cresceram 3% no ano passado, totalizando 2,1 milhões de unidades emplacadas. Em 2019, antes do início da pandemia, foram emplacados 2,7 milhões de veículos no país. Em relação a vendas, o país manteve a 7º posição global.
Para este ano, a Anfavea projeta que a produção de veículos atinja 2,460 milhões de unidades, o que representaria um crescimento de 9,4% em relação ao ano passado.
A Anfavea trabalha com um cenário de desafios tanto do lado da oferta, com a crise dos semicondutores ainda sendo sentida especialmente no primeiro semestre deste ano, como da demanda, com aumento da taxa de juros e desemprego elevado.
"Hoje, temos um horizonte de 4 semanas com os fornecedores em relação aos semicondutores. Então, não temos uma noção clara do que possa acontecer. Em dezembro, a indústria fez um esforço adicional para aumentar a produção, trouxemos peças de avião para completar os veículos que estavam nos páteos", explicou Moraes.
A Anfavea trabalha com um crescimento de 0,5% da economia brasileira para este ano, a inflação fecha o ano acima da meta estabelecida entre 5% e 6%, e a taxa Selic (taxa básica de juros) suba a 11%. Para o dólar, a entidade estima que a moeda americana seja cotada a R$ 5,50, mas com volatilidade provocada pelas eleições presidenciais.
"A questão eleitoral será um desafio, assim como o equilíbrio fiscal. Estão ainda nesta lista, a fragilidade do mercado de trabalho, as questões logísticas e a oferta de insumos", disse Moraes.
Moraes afirmou que a alta carga tributária do setor trava um desempenho melhor das vendas e defendeu que numa reforma tributária o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) que impacta sobre toda a indústria de transformação do país fosse eliminado, sendo substituído pelo IVA (Imposto de Valor Agregado).
O nível de emprego na indústria automobilísticas se manteve praticamente estável com 101 mil pessoas empregadas.
Stellantis na liderança
Prestes a completar um ano de operações, a Stellantis (das marcas como Fiat, Jeep, Peugeot e Citroën) é a maior empresa do setor automotivo na América do Sul e a Fiat é a marca mais vendida na região. A empresa liderou o mercado sul-americano em 2021, com 811,6 mil veículos vendidos, o equivalente a 22,9% de participação de mercado.
Deste total, mais de 493 mil veículos são da Fiat, que conquistou de forma inédita a liderança de vendas na América do Sul, com 13,9% das vendas totais.
No Brasil, em 2021, o veículo mais vendido foi a picape Fiat Strada, com 109,1 mil unidades emplacadas e 5,5% das vendas totais de todas as marcas no mercado brasileiro. Em terceiro e quarto lugares no ranking de vendas aparecem Fiat Argo (84,6 mil vendas e 4,3% de market share) e Jeep Renegade (73,9 mil e 3,7%). Na sexta e sétima posições estão Jeep Compass (70,9 mil e 3,6%) e Fiat Toro (70,9 mil e 3,6%). Na nona posição do ranking geral de vendas está o Fiat Mobi, com 65,8 mil unidades e 3,3%.
Ainda no País, a Stellantis emplacou 55,3 mil unidades no último mês de dezembro, o equivalente a 28,4% de participação de mercado. A marca Fiat, como ao longo de todo o ano, foi a mais vendida no mês, com 35,5 mil unidades emplacadas e 18,2% de participação. No ranking geral, a marca Jeep ficou na sétima posição, com 13,2 mil emplacamentos e 6,8% do mercado. Peugeot e Citroën registraram 3,5 mil e 3,1 mil unidades vendidas, respectivamente, respondendo por 1,8% e 1,6% do mercado em dezembro.