Após decisão da Justiça, Sergio Camargo diz que livros da Palmares ficarão expostos em 'cercadinho'
Títulos que não poderão ser doados foram recolhidos por presidente da instituição: 'Os livros delinquentes ficarão no fundo da biblioteca', disse ele em seu Twitter
Após a Justiça Federal proferir sentença definitiva contra Sergio Camargo, presidente da Fundação Palmares, proibindo exclusão de parte do acervo da instituição, medida anunciada anteriormente por ele, Camargo disse em sua rede social que os livros retirados durante sua gestão ficarão em um "cercadinho" dentro da nova biblioteca.
"Teremos um cercadinho para os livros desviantes da missão institucional da Palmares, na futura biblioteca na nova sede da instituição. Os livros delinquenciais ficarão no fundo da biblioteca, à esquerda de quem entra, identificados com a placa 'Acervo da Vergonha', postou ele, com a foto da sala onde o material já se encontra.
Em uma publicação anterior, ele afirmou que a Palmares já tinha desistido da doação antes mesmo da determinação judicial: "O acervo já virou uma atração e, há tempos, desistimos de doá-lo. Além disso, não se deve doar aquilo que não presta. O legado desonroso das gestões petistas precisa ser lembrado para sempre. E assim será!".
As partes envolvidas no caso ainda serão intimadas. Em junho, a doação de itens como livros, cartazes e folhetos já havia sido proibida pela Justiça, por meio de liminar, em decisão até então provisória — o descumprimento da decisão seria punido com o pagamento de R$ 500 por cada item doado.
Após uma cruzada contra obras marxistas e comunistas, a Fundação Palmares retirou de seu acervo mais da metade das suas obras. Um relatório publicado detalha o trabalho de uma comissão que considerou que 5.300 livros, folhetos ou catálogos são de temática alheia ao escopo do órgão. A maior parte deles, afirmam os autores, de caráter panfletário e com evidências do que chamam de dominação marxista da entidade. De acordo com a análise do grupo, apenas 478 obras estão dentro do cunho pedagógico, educacional e cultural dentro da missão institucional da Fundação.
O relatório foi elaborado pela equipe de Marco Frenette, ex-assessor de Roberto Alvim, demitido do cargo de secretário da Cultura por apologia ao nazismo, que em março foi nomeado coordenador-chefe do Centro Nacional de Informação e Referência da Cultura Negra. O relatório é encerrado com a lista dos tais 300 títulos "comprobatórios do desvio da missão institucional da Fundação Palmares".