Artes Visuais

Artista registra cotidiano do metrô do Recife em desenhos

Obras de Pollyana Queiroz podem ser vistas na exposição "Desenhos de Bordo - Metrorec Sketches", no Museu do Trem

Pollyana Queiroz assina a exposição "Desenhos de Bordo - Metrorec Sketches" - Danilo Souto Maior/Secult-PE/Fundarpe

Diariamente, o metrô do Recife transporta cerca de 400 mil pessoas. São milhares de rostos que passam despercebidos para a grande maioria dos passageiros, mas que ganham uma atenção especial nos traços da desenhista pernambucana Pollyana Queiroz, de 31 anos. Com um caderninho em mãos, ela vai transformando em arte o que presencia em suas idas e vindas a bordo dos vagões, no caminho que percorre todos os dias de casa até o trabalho.

Parte do material produzido pela artista pode ser conferido na exposição "Desenhos de Bordo - Metrorec Sketches", que celebra os 50 anos do Museu do Trem do Recife - Estação Central Capiba. Com curadoria e designer assinados pelo ilustrador Bruno Maia Giordano, a mostra conta com 60 desenhos em folhas de sketchbooks, além de 14 reproduções em tamanho maior e cinco cadernos.

As obras formam um registro imagético do cotidiano de quem precisa utilizar o transporte público sobre trilhos na Região Metropolitana do Recife. Passageiros, vendedores ambulantes e artistas colorem o ambiente metálico retratado. “As pessoas aparecem muito mais nos meus desenhos do que o cenário. Penso que cada uma delas tem uma história de vida fabulosa a ser contada, mas que muitas vezes são tratadas como invisíveis”, pontua.  
 

Em suas criações, Pollyana busca ressaltar o que há de belo nas feições que observa durante as viagens. “Há beleza nas rugas de uma pessoa idosa, nas curvas de uma pessoa gorda, nos tons de pele mais variados. Tenho a impressão de que, nesse momento em que estamos usando máscaras o dia todo, você se volta mais para os olhos, que são as janelas da alma”, comenta.

O olhar da artista para a realidade desenhada não é o de alguém que observa tudo à distância, sem vínculos. Esse envolvimento, para ela, faz toda a diferença. “Estou me retratando junto, mesmo não aparecendo nos desenhos. Falar da vida dessas pessoas é falar também do que eu sinto, do que eu passo e do que eu vejo andando de metrô todos os dias. É o que eu vivo também”, defende.
 

Embora tenha realizado os primeiros trabalhos nesse estilo em 2016, Pollyana passou a desenhar sistematicamente no metrô em 2020. Surgiu como um projeto publicado no perfil da desenhista no Instagram (@oxepolly), batizado de #MetrorecSubwaySketches. “Existe um desafio mundial nas redes sociais chamado Inktober, sempre no mês de outubro, que lança temas para os artistas irem desenhando. Como uma forma de aquecimento para isso, comecei a exercitar no transporte”, conta.

O desafio coincidiu com o retorno da artista, que atua no setor educacional da Torre Malakoff, ao trabalho presencial. “Estava me sentindo muito ansiosa por estar no transporte público na pandemia. Uma coisa que me acalma bastante é a arte. Então, isso também me ajudou a passar por esse momento”, revela.

Instaladas na sala dedicada a exposições temporárias no Museu do Trem, as obras estão dispostas de uma maneira que remete a uma uma estação de metrô, com faixa amarela e avisos de alerta no ambiente e um vagão desenhado na parede. Essa é a primeira exposição individual assinada por Pollyana.

Serviço

Exposição "Desenhos de Bordo - Metrorec Sketches"
Quando: até 5 de fevereiro, com visitação de terça a sexta-feira, das 10h às 16h; sábados e domingos, das 10h às 14h
Onde: Museu do Trem - Estação Central Capiba (R. Floriano Peixoto, s/n, São José)
Quanto: gratuito