Morre Andrew Jennings, histórico jornalista que denunciou casos de corrupção na Fifa
Repórter escocês cresceu em Londres e fez carreira fiscalizando os grande órgãos do esporte mundia
O jornalismo investigativo esportivo perdeu um de seus grandes nomes nesta segunda-feira. O escocês Andrew Jennings morreu aos 78 anos de uma "doença repentina". O repórter ganhou notoriedade mundial em décadas de trabalho denunciando casos de corrupção em alguns dos principais órgãos do esporte mundial, como a Fifa e o Comitê Olímpico Internacional (COI).
Jennings cresceu em Londres nos anos 1950 ao lado de veteranos da Guerra Civil Espanhola. Um de seus grandes trabalhos, já como repórter da emissora britânica BBC, foi o livro "The Lords of the Rings", de 1992, que teve como gatilho a revolta de Jennings por Juan Antonio Samaranch, ex-ministro do ditador espanhol Francisco Franco, ter presidido o COI nos anos 1980. O livro, que deu origem a outras publicações sobre corrupção no órgão, rendeu-lhe pedido de prisão na Suíça e banimento de eventos do comitê.
Mas o principal trabalho do jornalista veio em investigações sobre a Fifa. Em 2001, chamou a atenção para a existência de casos de corrupção na entidade que comanda o futebol mundial — chegou a perguntar publicamente para o então presidente, Sepp Blatter, se ele já havia recebido propina alguma vez. As reportagens também o fizeram alvo de banimentos e processos por parte da entidade e foram relatadas na principal obra de sua carreira: "Jogo sujo: o mundo secreto da Fifa", publicado no Brasil pela editora Panda Books.
O jornalista foi convidado a auxiliar investigadores internacionais que trabalharam em casos envolvendo a entidade — como no que culminou na renúncia de Blatter em 2015. Jennings chegou a vir ao Brasil para depor na CPI do Futebol, em 2011.
Nos últimos anos, o jornalista se dedicou a filmar documentários com a BBC, mas um infarto o forçou a diminuir o ritmo de trabalho.