Covid-19

Com a Ômicron, aumenta a procura por voos aeromédicos para pacientes com Covid-19

Apenas uma empresa já realizou o transporte de 15 passageiros contaminados com o coronavírus nos primeiros dez dias de 2022

Número de voos aeromédicos voltou a crescer em 2022 com avanço da ômicron - Daniel Sebba/Divulgação

Enquanto os voos comerciais estão sendo cancelados pelo avanço dos casos de Covid-19 e Influenza nas tripulações, a procura por voos aeromédicos voltou a subir, refletindo a alta nos casos da doença neste início de 2022. Apenas uma empresa, referência no transporte aeromédico no país, já realizou o transporte de 15 pessoas com diagnóstico positivo para a Covid-19 nestes primeiros dez dias de janeiro.

O número de voos com pacientes que testaram positivo para Covid-19 transportados pela Brasil Vida Táxi Aéreo em dez dias de 2022 já se aproxima ao total registrado em outubro do ano passado, quando foram 17 voos.

Os números da companhia, repassados com exclusividade para o Globo, mostram que após um período intenso no primeiro semestre de 2021, com média de 224 voos mensais e pico de 304 viagens em março, houve uma diminuição na procura pelo serviço entre julho e outubro.

Em julho, os casos de transporte de Covid somaram 60, mesmo número da média de viagens realizadas mensalmente antes da pandemia. Esse número foi decrescendo mês a mês até chegar aos 17 voos de outubro.

A partir de novembro, a demanda voltou a crescer e a tendência de crescimento segue neste mês de janeiro, com o avanço da variante ômicron, responsável pela alta de casos em todo o mundo.

Para o enfermeiro Gilberto Júnior Santos da Silva, coordenador aeromédico na Brasil Vida Táxi Aéreo, o aumento no número de viagens feitas por causa da Covid acende um alerta, ainda que os casos atendidos atualmente não sejam tão graves.

"Em janeiro de 2021, tivemos 196 voos por causa da Covid. Essa curva começou a diminuir só no segundo semestre e quando achamos que tudo normalizaria, veio a grande preocupação com este aumento crescente. Se continuarmos nessa média, devemos fechar janeiro com cerca de 45 voos", destacou. 

Ele acrescenta que a preocupação são com os meses subsequentes, por causa da proximidade com datas festivas, como foi o caso do Natal e Ano Novo e é o Carnaval, em fevereiro.

De acordo com Silva, dos 15 voos já realizados em 2022, apenas um foi internacional. Foi o caso de um passageiro que estava no Chile e acionou o seguro viagem para retornar aos Estados Unidos, onde residia. Todos os outros voos foram realizados no Brasil, a maioria rumo ao eixo Rio-São Paulo.

A empresa tem contratantes variados. Ela atende desde pacientes do SUS, com contratos firmados junto a governos estaduais, como da Bahia e Tocantins, e clientes particulares, convênios de saúde e seguradoras, para repatriação de estrangeiros.

O aumento do número de casos de Covid-19 e de gripe virou um grande problema para as companhias aéreas e já afeta mais de 200 voos no Brasil. Muitos tripulantes estão sendo afastados devido a sintomas das doenças, o que está afetando os voos, tanto os nacionais como os internacionais.

Procurada para comentar sobre o monitoramento dos cancelamentos de voos, a Anac ainda não retornou ao Globo nesta segunda-feira. No domingo, a agência informou que já havia se antecipado e estava observando os casos de doenças respiratórias causadas em pilotos, comissários e demais profissionais do setor aéreo.

“Com o objetivo de antecipar possíveis impactos na aviação e auxiliar no plano de ação das empresas aéreas, a Agência já havia entrado em contato com representantes das companhias aéreas, aeroportos, concessionárias, Empresas de Serviços Auxiliares de Transporte Aéreo (ESATAs) e órgãos de controle sanitário e de saúde”, informou em nota.

Sobre os cancelamentos, a agência acrescentou que "os principais indicadores do transporte aéreo, incluindo os índices de atrasos e cancelamentos, são encaminhados pelas companhias à ANAC de forma mensal, após a realização das operações".