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Bolsonaro diz que nunca acusou Anvisa de corrupção e que não havia motivo para 'carta agressiva'

Presidente admitiu que se tivesse tido mais convivência com contra-almirante talvez não o tivesse indicado para a agência

Presidente Jair Bolsonaro - Isac Nóbrega/PR

O presidente Jair Bolsonaro comentou pela primeira vez nesta segunda-feira a carta divulgada no sábado pelo presidente da Agência Nacional da Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres, em que exigiu que o chefe do Executivo se retratasse das suspeitas levantadas sobre o órgão envolvendo a liberação da vacina contra a Covid-19 para crianças. Em entrevista a rádio ‘Jovem Pan’, Bolsonaro disse que não acusou ninguém de corrupto e afirmou que não havia motivo  para o tom agressivo de Barra Torres.

"Eu me surpreendi com a carta dele. Carta agressiva, não tinha motivo pra aquilo. Eu falei: ‘o que está por trás do que a Anvisa vem fazendo?’. Ninguém acusou ninguém de corrupto, tá?  E, por enquanto, eu não tenho o que fazer pra tocante a isso aí", disse. 

Em um comunicado divulgado no fim de semana, Barra Torres desafiou Bolsonaro a apresentar informações sobre o indício de corrupção no órgão, após em uma entrevista o presidente ter criticado a autorização dos imunizantes para a faixa etária de 5 a 11 anos, questionando “qual o interesse da Anvisa por trás disso aí?  Qual o interesse das pessoas taradas por vacina.”

 "Se o senhor dispõe de informações que levantem o menor indício de corrupção sobre este brasileiro, não perca tempo nem prevarique, Senhor Presidente. Determine imediata investigação policial sobre a minha pessoa aliás, sobre qualquer um que trabalhe hoje na Anvisa, que com orgulho eu tenho o privilégio de integrar", escreveu Barra Torres.

O presidente da República disse que não interfere na Anvisa, mas admitiu ter questionado Barra Torres sobre a vacinação para crianças e voltou a defender que o órgão poderia atuar de maneira diferente.  Bolsonaro disse que após nomeação para a agência o contra-almirante da Marinha ganhou “luz própria”. 

"A Anvisa, ninguém sofre interferência, é um órgão  independente, mas acredito que o trabalho poderia ser diferente, né? Agora ele (Barra Torres) pode rebater agora em cima dessa crítica. Quem decide é ele, eu sei que é ele que decide. Eu nomeei pra lá e  depois da nomeação ele ganhou aí luz própria, né?", disse.

Em outro momento da entrevista, Bolsonaro disse que não conhecia Barros Torres além de sua vida militara e admitiu que se tivesse tido mais convivência talvez não o tivesse indicado para  presidente da Anvisa.

"Não tinha conhecimento da vida pregressa do Barra Torres a não ser como militar e nada pesava contra ele. Não tinha convivência com ele. Se tivesse tido convivência, talvez não o indicasse. Não quero dizer com isso nenhuma crítica desabonadora em relação ao Barra Torres, muito pelo contrário", afirmou.

Apesar de dizer que nunca falou em desvios na Anvisa,  Bolsonaro afirmou que “nenhum órgão está livre de corrupção” e citou a Operação Rarus da Polícia Federal, deflagrada em novembro, contra fraude de medicamentos de alto custo. A investigação apura se houve envolvimento de antigos dirigentes da Anvisa.

"Eu não acusei a Annvisa de corrupção, eu  perguntei  o que está  por trás dessa gana, dessa sanha  vacinatória. Até porque eu e o governo federal compramos até o momento em torno de quatrocentos milhões de doses de vacina. Mesmo proporcionalmente é um dos países que mais vacinou no mundo, tudo trabalho do governo federal. E eu sempre lutei pela liberdade da pessoa,  quem quiser vacina toma, quem não quiser não toma", disse.