novo indicador

Inflação do aluguel: indicador fecha 2021 com queda de 0,61%

Índice de Variação de Aluguéis Residenciais (IVAR), criado pela FGV, retrata dificuldade do mercado imobiliário residencial em meio à pandemia, desemprego e queda na renda

Inflação do aluguel - Rovena Rosa/Agência Brasil

O Índice de Variação de Aluguéis Residenciais (IVAR), novo indicador criado pela FGV voltado para o mercado imobiliário, desacelerou e subiu 0,66% em dezembro de 2021, ante alta de 0,79% em novembro. Com o resultado, o indicador acumula variação de negativa 0,61% em 12 meses, fechando 2021 em queda.

Divulgado pela primeira vez nesta terça-feira, o IVAR mede a evolução mensal dos preços de aluguéis residenciais no país e passa a ser publicado mensalmente pela FGV.

O IVAR utiliza informações de contratos efetivamente assinados por inquilinos e locatários sob intermediação de empresas administradoras de imóveis e promete ser mais fiel ao que ocorre no mercado imobiliário.

O indicador é uma média ponderada tendo como base dados do Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre e Belo Horizonte.
 

Paulo Picchetti, pesquisador do FGV IBRE e responsável pela metodologia do IVAR, destaca que a perda do poder de compra e do emprego durante a pandemia explicam a queda acumulada do IVAR em doze meses.

Já a desaceleração no mês de dezembro reflete a atual conjuntura econômica que dá sinais de piora, diz Picchetti:

"A economia vem surpreendendo sistematicamente para baixo. Conhecemos recentemente o PIB do terceiro trimestre que veio negativo e existe uma expectativa de que o PIB do quarto trimestre, se for positivo, não será nada auspicioso. E nesse meio tempo vemos indicadores de curto prazo mostrando dificuldades, com a sexta queda seguida da produção industrial e do mercado de trabalho com a Pnad Contínua".

Na passagem de novembro para dezembro, o índice desacelerou em duas das cidades de maior peso. Em São Paulo, os preços caíram de 0,78% para 0,48% eno  Rio de Janeiro de 1,46% para 1,03%. Já em Belo Horizonte e Porto Alegre o movimento foi de alta, com avanços de 1,00% para 1,17% e de 0,27% para 0,43%, respectivamente.

Já que o IVAR capta os valores de contratos efetivamente assinados por inquilinos e locatários, o indicador apresenta um descolamento frente os demais índices de preços que tradicionalmente medem a evolução dos aluguéis residenciais no Brasil - como o atual Índice de Preços ao Consumidor - Semanal (IPC-S), da FGV, e o Índice Nacional de Preços ao Consumidor, do IBGE - que tem parte das informações coletadas para medir o preço do aluguel residencial vindas de ofertas anunciadas.

Na comparação da variação acumulada em 12 meses, enquanto o IVAR caiu 0,61%, o subitem "aluguel residencial" do IPCA-15 e o subitem correlato do IPC-S, subiram 6,98% e 4,45%, respectivamente.

"Vemos um distanciamento na taxa acumulada em 12 meses. O IVAR conta uma história mais assertiva do que aconteceu no mercado imobiliário — diz André Braz, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor da FGV.

Considerando a tendência da variação acumulada em 12 meses, apenas São Paulo retrocedeu mais que o índice médio, registrando queda de 1,83% em dezembro. Em Porto Alegre a taxa acumulou queda de 0,35%. A maior variação interanual ficou com Belo Horizonte, com alta de 1,46%, seguida por Rio de Janeiro, com elevação de 0,46%.